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Substituição do grão de sorgo por aveia preta na terminação de novilhos confinados

O confinamento de bovinos durante o período da seca visando a produção de carne durante a entressafra, é uma prática bastante comum no Brasil, tendo atualmente, aproximadamente 2.000.000 de cabeças confinadas anualmente no país. Dentro dos custos de produção do confinamento de bovinos de corte, os custos de alimentação compreendem a maior parte, sendo a proteína o ingrediente mais caro por unidade, e a energia o de maior valor por sua grande proporção nas dietas. Nesses casos é essencial o estudo de substitutos para os grãos ingredientes das dietas, visando à diminuição dos custos de alimentação e consequente aumento dos lucros da atividade. Os subprodutos agroindustriais já são bastante utilizados, tendo inclusive ocorrido elevado reajustes nos preços de aquisição desses produtos.

Faturi et al. (2003) avaliaram a substituição do grão de sorgo por aveia preta em dietas de novilhos confinados em terminação. Os níveis de substituição utilizados foram: 0 (CON), 33 (T33), 66 (T66) e 100%. As fontes de volumoso das dietas experimentais foram silagens de sorgo e milho, sendo utilizada a de sorgo no 35 dias iniciais e a de milho nos 32 dias finais. Os animais utilizados foram novilhos Nelore, Charolês e mestiços, distribuídos em todos os tratamentos. Os animais foram alimentados duas vezes ao dia, com uma dieta balanceada para ganhos de 1,2 kg/animal/dia segundo NRC (1984). As tabelas 1 e 2 mostram a composição dos concentrados com as diferentes proporções de substituição do grão de sorgo por aveia, para silagens de sorgo e milho na proporção 60:40 volumoso: concentrado.

Tabela 1. Composição dos concentrados utilizados com silagem de sorgo com diferentes proporções de substituição do grão de sorgo por aveia.


Tabela 2. Composição dos concentrados utilizados com silagem de milho com diferentes proporções de substituição do grão de sorgo por aveia.


Não houve efeito dos níveis de substituição do sorgo por aveia sobre o peso vivo final dos animais, porém foi observado menor ingestão de matéria seca no segundo período de confinamento, quando os animais receberam silagem de milho como fonte de volumoso (tabela 3). Foi observada interação entre o nível de aveia no concentrado e o tipo de silagem utilizada para consumo de matéria seca, sendo essa interação relacionada aos diferentes mecanismos de saciedade dos bovinos. A maior densidade energética da silagem de milho provavelmente atuou como fator limitante da ingestão ao elevar os níveis de glicose sanguínea, promovendo sensação de saciedade (metabolismo). Já no caso da silagem de sorgo, a sensação de saciedade foi controlada pela ação mecânica de distensão do trato digestivo (mecânica).

Tabela 3. Valores médio de peso vivo inicial (PVI) e final (PVF), e ingestão de matéria seca (kg/animal/dia) com diferentes volumosos.


O consumo diário de energia digestível, quando se utilizou a silagem de sorgo forrageiro, foi reduzido com o aumento da proporção de aveia na dieta a uma magnitude de 0,016 Mcal para cada ponto percentual de aveia em substituição ao sorgo. Já o consumo de fibra em detergente neutro (FDN) para o mesmo volumoso, aumentou linearmente com a concentração de aveia na dieta, numa proporção de 0,0042 kg de FDN, por ponto percentual de aveia em substituição ao sorgo. Portanto, verifica-se que animais alimentados com silagem de sorgo nas proporções avaliadas associados com concentrado à base de grão de aveia, não conseguem elevar o consumo de matéria seca para atender suas necessidades energéticas, em função da limitação física devido ao alto consumo de FDN (tabela 4). Já para o concentrado à base de sorgo, o consumo de matéria seca não foi elevado ao máximo, devido à “limitação” energética com maior consumo de energia digestível.

Tabela 4. Valores médios para consumo de FDN (kg/animal/dia) e energia digestível (ED) para os diferentes volumosos com diferentes níveis de substituição de aveia.


O ganho de peso médio diário decresceu linearmente com o aumento das concentrações de aveia no concentrado, porém os valores não foram estatisticamente diferentes (tabela 5). Esses valores nos mostram que a substituição do sorgo por aveia deve ser feita até o nível de 66%, não havendo interferência no desempenho, sendo que acima disso proporcionará queda no GMD. A conversão alimentar apresentou o mesmo comportamento observado para ganho de peso, porém com diferença estatística significativa, sendo menor com o aumento da concentração de aveia na dieta (tabela 5).

Tabela 5. Valores de ganho de peso médio diário (GMD) e conversão alimentar (CA) para os diferentes volumosos com diferentes níveis de substituição de aveia.


A substituição do grão de sorgo por aveia em dietas com 60:40 de proporção volumoso:concentrado, provocou limitação no consumo total de matéria seca, porém só apresentou queda acentuada do desempenho com níveis acima de 66% de substituição.

Ao se avaliar a viabilidade da substituição do grão de sorgo por aveia para bovinos de corte confinados, é de extrema importância a avaliação econômica da alimentação, pois a queda no desempenho pode ser compensada por um valor de compra da matéria prima menor.

Referêncais bibliográficas

FATURI, C.; RESTLE, J.; BRONDANI, I.L.; ALVES FILHO, D.C.; ROSA, J.R.P.; KUSS, F.; MENEZES, L.F.G. Grão de aveia preta em substituição ao grão de sorgo para alimentação de novilhos na fase de terminação. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 32, n. 2, p. 437-448, 2003.

NRC – NATIONAL RESEARCH COUNCIL. Nutrient Requirements of Beef Cattle, 6. Ed. Washington, D.C., 1984.

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