Produtores do Vale do Rio Doce (MG) vão bancar a construção de um frigorífico que atenda à demanda da região e ponha fim à peregrinação de animais, hoje abatidos em cidades distantes até 1,2 mil quilômetros. Nesta semana, os parceiros no negócio, 19 produtores e a Cooperativa Agropecuária Vale do Rio Doce, iniciam o processo de licenciamento ambiental e de vistoria no terreno cedido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
Eles decidem ainda a empresa que fará a obra, orçada, inicialmente, em R$ 5 milhões. O Frigorífico Governador Valadares deverá estar pronto em junho de 2006, com capacidade inicial para abate de 150 bois/dia e geração de 300 empregos diretos.
“Hoje temos um frigorífico na região, que abate 500 cabeças por dia, só para o mercado local. Com isso, temos que mandar bois para o Triângulo, para Nanuque e uma pequena parte para o Rio de Janeiro. Agora decidimos montar um frigorífico voltado para exportação”, sintetiza José Miguel Merlo, pecuarista da região e um dos cotistas do grupo.
O projeto já nasce, segundo ele, prevendo ampliação da capacidade de abate para 500 bois/dia, com os investimentos chegando a R$ 8 milhões. Por enquanto, os investidores estão usando apenas recursos próprios, mas um financiamento junto ao um banco de fomento não é descartado, para cobrir o capital de giro.
“A empresa está nascendo como Ltda., mas já iniciamos sua transformação para S.A., abrindo caminho para novos investidores”, conta Merlo. Segundo ele, apenas a área de abrangência do Sindicato Rural de Governador Valadares tem 3,4 mil propriedades, o que dá uma idéia do potencial de crescimento do negócio.
As obras do frigorífico devem ser iniciadas em janeiro, quando os investidores já esperam ter resolvido as questões legais do licenciamento ambiental. Para Merlo, a área frigorífica do Estado está depredada e carente de uma ação de Governo. “Minas tem o segundo maior rebanho do país, com quase 20 milhões de cabeça. Mas temos vários frigoríficos fechados”, comenta.
O presidente da Federação da Agricultura de Minas Gerais (Faemg), Gilman Viana Rodrigues, ressalta que a instalação do frigorífico em Governador Valadares vai permitir que o produtor pague frete apenas para o produto de maior valor agregado e não para os animais em pé. “Hoje o gado de Minas faz turismo e sai para abate em outros centros. É matéria-prima para que outros estados ganhem em valor agregado. Temos 10% da produção nacional e nossas exportações não chegam a 2% do total do país”, compara Rodrigues.
De acordo com ele, Minas Gerais tem apenas quatro frigoríficos qualificados para exportação, o que leva o Estado a perder receita com a venda de carne para o mercado externo. Segundo ele, o frigorífico de Governador Valadares poderá ser o sexto empreendimento com essa característica exportadora, uma vez que o Frigorífico Janaúba, na cidade de mesmo nome, no Norte de Minas, tem previsão de reabrir as portas no próximo dia 2 de agosto. “Ele já foi inspecionado e está adequado para a exportação”, antecipa.
Fonte: Hoje em Dia (por Mari Célia Pinto), adaptado por Equipe BeefPoint