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MS: Descaso pelo couro provoca perdas

A falta de indústrias para beneficiar os 3,2 milhões de unidades de couro bovino por ano, em Mato Grosso do Sul, deixa de gerar cerca de R$ 2,6 bilhões no PIB (Produto Interno Bruto). Em conseqüência, o Estado também deixa de arrecadar R$ 268,4 milhões em ICMS, o que representa R$ 22,3 milhões por mês (no cálculo de ICMS foi usado um índice de 10%).

As projeções foram calculadas pelo professor e economista Ido Michels, que elaborou pesquisa recente sobre a cadeia produtiva da carne no Estado. Segundo ele, os frigoríficos de Mato Grosso do Sul pagam uma quantia irrisória pelo preço do couro bovino ao produtor. O preço não é diferenciado e é vendido junto com o preço da carne.

Para que esse quadro seja revertido e as indústrias de beneficiamento de couro e fabricantes de calçados se estabeleçam em MS, será necessário criar uma cadeia de incentivo. Michels salienta ainda que, para cada milhão de pares de calçados, são necessários 600 trabalhadores dentro da fábrica e outros 400 no curtume e componentes.

Para que a produção de calçados seja viabilizada, segundo o professor, não apenas o Governo, mas órgãos como o Sebrae e o Senai, juntamente com empresários, precisam formar cooperativas para qualificar a mão-de-obra e assim concretizar o projeto.

Ele acredita que a industrialização do couro e a fabricação de calçados devem se iniciar com a criação de uma câmara setorial, para coordenar e definir os setores, para que cada órgão envolvido estude os vários segmentos da cadeia produtiva mostrando as possibilidades e potencialidades do Estado.

Números

Hoje a cotação do couro cru é de R$ 48. Já com a primeira fase de tratamento, que transforma o produto em wet blue, esse valor salta para R$ 96. Se o couro receber o acabamento, que é destinado à fabricação de calçados e roupas, o preço é muito maior. O professor exemplifica com a fabricação de calçados: cada couro rende 25 pares de sapatos, que são comercializados pelo preço médio de R$ 33,60. Com isso a cotação de cada couro acabado chega a R$ 840.

Outra preocupação demonstrada pelo economista é em relação aos curtumes, que podem estar em processo de extinção. De acordo com ele, as indústrias frigoríficas já não repassam o couro para os curtumes, pois se tornou uma outra fonte de renda. Elas próprias estão curtindo o couro e transformando-o em wet blue.

Fonte: Correio do Estado/ MS (por Vera Halfen), adaptado por Equipe BeefPoint

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