O Departamento de Defesa Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento confirmou ontem que vai pedir à Organização Internacional de Epizootias (OIE) a separação dos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul no mapa sanitário brasileiro.
Para os exportadores de carne de Santa Catarina, é um grande passo. Com o aval da OIE, o Estado vai ficar livre dos respingos no mercado provocados pelos focos da febre aftosa registrados há um ano em território gaúcho. A solicitação será analisada em maio do ano que vem, em Paris. Se for acatada, será uma divisão inédita na história da OIE.
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) vai solicitar à OIE o desmembramento de uma zona em duas: uma livre da aftosa com vacinação (Rio Grande do Sul, onde a imunização foi retomada em 9 de maio de 2001) e outra livre sem vacinação (Santa Catarina, sem focos desde dezembro de 1993).
A diretora do Departamento de Defesa Animal, Denise Euclydes Mariano, acredita que esse seria o primeiro caso a chegar na OIE de solicitação para que um Estado seja considerado como uma zona livre sem vacinação. A equipe do ministério ainda estuda como será encaminhado o pedido. “A zona atual será desmembrada. A situação de Santa Catarina ainda dependerá de consulta, porque é um fato novo para a OIE. No caso do Rio Grande do Sul estaremos pedindo a retomada da condição sanitária anterior aos focos”.
Denise disse que deverá ser feito o inquérito soroepidemiológico no Estado gaúcho para mostrar que não há mais vírus desde a segunda quinzena de junho. O objetivo é que em outubro os exames de material coletado de 3.051 bovinos e 3.075 ovinos estejam prontos e o resultado já possa ser encaminhado à OIE para a recuperação do status sanitário.
Os rebanhos catarinenses também passarão por sorologia. Na semana que vem uma equipe do ministério chega a Florianópolis para fechar o detalhamento das amostras. A expectativa da diretora é encaminhar os dois pedidos à OIE no final deste ano, para a apreciação da Comissão de Febre Aftosa da organização. A retomada da condição sanitária do Rio Grande do Sul pode ser estabelecida em janeiro do ano que vem. O novo título à Santa Catarina só será apreciado em maio de 2003.
Líder do setor é contrário à cisão do Mapa
O presidente da Federação da Agricultura do Estado de Santa Catarina (Faesc) e Sindicato das Indústrias de Carnes e Derivados de SC (Sindicarnes), José Zeferino Pedrozo, é contra a separação do Circuito Pecuário Sul, formado por Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Pedrozo disse que não há um motivo forte para adotar esta medida (proposta pelo Mapa). Para ele, o momento da divisão deveria ter sido quando surgiram os focos da febre aftosa no Estado gaúcho. Ele não considera que a separação vá trazer mudanças significativas ao setor.
Ele disse que mercados como a Rússia compram tanto do Rio Grande do Sul quanto de Santa Catarina. Um pedido de separação do Circuito Pecuário junto à Organização Internacional de Epizootias somente teria sentido se fosse condição obrigatória para abrir as exportações de carne suína para a Europa. “Juntos, temos melhores condições de buscar o certificado de Zona Livre de Aftosa”, avaliou.
Fonte: Diário Catarinense (por Carolina Bahia, Jorge Correa e Darci Debona), adaptado por Equipe BeefPoint