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Veto russo pode gerar US$ 4 mi de prejuízo diário ao Brasil

Uma missão técnica do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) seguiu para Moscou para levar dados sobre o controle de febre aftosa no Brasil para o governo russo, que decidiu na sexta-feira passada vetar todas compras de carnes brasileiras (bovina, suína e de frango) depois da descoberta de novo foco de febre aftosa no Amazonas, região de alto risco.

Segundo o ministro interino da Agricultura, José Amauri Dimarzio, a decisão dos russos foi uma surpresa. Na própria sexta-feira ele, no lugar de Roberto Rodrigues, que estava em reunião em Montevidéu, decidiu encaminhar missão técnica dada a gravidade da situação. “Os prejuízos diários são estimados em US$ 4 milhões”, disse Dimarzio.

As estimativas iniciais do Mapa eram de que as exportações de carnes neste ano para a Rússia totalizassem algo em torno de US$ 800 milhões, o que representaria aumento de 38% em relação aos US$ 580 milhões obtidos em 2003. Em volume, as exportações de carnes eram estimadas inicialmente em 640 mil toneladas, um aumento de 7% na comparação com o desempenho obtido pelas empresas exportadoras brasileiras, que haviam embarcado 600 mil toneladas no ano passado.

Levando-se em conta o pior cenário, ou seja, caso até o final do ano a Rússia mantenha o veto às exportações brasileiras, os prejuízos totais poderiam atingir cerca de US$ 250 milhões, de acordo com Dimarzio.

De janeiro a agosto, as exportações de carnes de frango, de suíno e de bovino para o mercado russo totalizaram US$ 550 milhões ou 5% inferior ao ano de 2003, e 440 mil toneladas, uma queda de 27% na comparação com o desempenho obtido no ano passado. “De qualquer maneira será difícil os russos encontrarem outros fornecedores para suprir um eventual volume de carne brasileira que deixaria de ser enviada”.

Dimarzio ressaltou que, além das explicações técnicas do Brasil junto ao governo russo, o momento é de demanda, o que pode favorecer uma mudança de posição do governo russo em relação à proibição. “No momento não existem estoques de carnes na Europa e estamos cumprindo nosso dever de casa, exportando carnes de alta qualidade de regiões livres da doença da febre aftosa”, declarou.

Sanidade

Na opinião do presidente da comissão de pecuária de corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Antenor Nogueira, os russos estariam utilizando a situação para negociar a venda de trigo. “Os russos são os principais importadores das carnes brasileiras”, afirmou ele.

Para Alfredo Felipe da Luz Sobrinho, diretor de relações institucionais e jurídico da Sadia, o embargo da Rússia é resultado da inconstância sanitária do Brasil, na avaliação daquele país. Ele acredita que, assim como no surgimento do foco do Pará, em junho, novamente a Rússia esteja reagindo para que os acordos sanitários visando a venda do trigo daquele país para o Brasil sejam concluídos.

O Ministério da Agricultura está aumentando o volume de recursos para a defesa agropecuária, segundo informou Dimarzio. A perspectiva para 2005 é que o volume de recursos para o setor totalize R$ 140 milhões, o que representaria aumento de 25% em comparação ao volume desembolsado neste ano, que deve totalizar R$ 112 milhões. “Inicialmente estavam previstos R$ 68 milhões, mas conseguimos um aporte de R$ 44 milhões”, afirmou Dimarzio.

Os recursos superam em muito o volume destinado pelo governo em 2003, que haviam atingido apenas R$ 60 milhões para os serviços de defesa agropecuária.

Fonte: Gazeta Mercantil (por Paulo Soares e Neila Baldi) e Clic RBS/Agrol, adaptado por Equipe BeefPoint

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