A criação de uma central de vendas de gado de corte pode ser o próximo passo no embate entre pecuaristas e indústria frigorífica de Goiás, sempre às turras em relação aos preços da carne. A proposta é defendida pelo presidente da Comissão de Pecuária de Corte da Federação da Agricultura do Estado de Goiás (Faeg), o suplente de senador, José Eduardo Fleury, que também preside o Sindicato Rural de Quirinópolis. “Tenho convicção de que o cartel dos frigoríficos é uma realidade e que o pecuarista, isoladamente, não tem como enfrentá-lo”, diz.
Fleury fez o desabafo, ontem, ao comentar a inusitada queda de preços do boi gordo em plena entressafra, quando historicamente a tendência é de alta. “Em 30 anos que estou no segmento de produção de carne, nunca vi nada semelhante. Além dos preços da arroba do boi despencarem nos últimos dias, o pecuarista que quiser abater seus animais ainda tem que se sujeitar a entrar numa fila onde vai esperar por até 15 dias”, reclama. Ele argumenta que isso significa que o produtor está vendendo o boi com 45 dias de prazo, ao invés dos 30 dias tradicionais.
Para manipular o mercado, frisa, os frigoríficos se utilizam dos estoques de bois confinados, quer de empreendimentos próprios ou de parceiros, controlando a oferta de tal forma a segurar os preços. Ele prevê que a situação tende a agravar-se, na medida em que os frigoríficos aprimoram seus mecanismos, só restando aos pecuaristas se organizarem para resistir à pressão. “Nossas entidades têm de partir para o convencimento dos produtores de que a criação de uma central de vendas pode ser a solução”.
Fleury argumenta que apenas algumas dezenas dos maiores invernistas goianos seriam suficientes para quebrar a hegemonia dos frigoríficos sobre o mercado do boi gordo e não acredita que o desaquecimento dos preços tenha relação com a suspensão das importações pela Rússia, devido aos focos de aftosa no Amazonas.
Fonte: O Popular/GO (por Edimilson Souza Lima), adaptado por Equipe BeefPoint