Entidades representativas do setor rural goiano protestaram, ontem, contra a falta de critérios do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) na divisão dos recursos da defesa agropecuária entre os estados produtores. Segundo as entidades, foram liberados para a defesa animal em Goiás apenas R$ 680 mil, 5,3% de um total de R$ 21,88 milhões destinados a 11 estados produtores, embora o rebanho bovino goiano, com 20,01 milhões de cabeças, represente 15% do rebanho total desses estados, estimado em 132,47 milhões.
As entidades reclamam que, contrariando a lógica, o Mapa colocou Goiás no mesmo patamar de unidades da federação que detém rebanhos muito menores. É o caso do Distrito Federal, que recebeu R$ 550 mil para um rebanho de apenas 98 mil bovinos, Espírito Santo com R$ 600 mil e rebanho de 1,83 milhão de cabeças e Rio de Janeiro com R$ 540 mil e rebanho de 1,95 milhão. Esses números permitem deduzir, por exemplo, que o Distrito Federal recebeu R$ 5,61 por animal, enquanto Goiás ficou com apenas R$ 0,03.
O presidente da Federação da Agricultura do Estado de Goiás (Faeg), Macel Caixeta, classificou como “absoluta falta de responsabilidade” a forma como foram rateados os recursos para a defesa agropecuária. Segundo ele, Goiás tem uma posição geográfica estratégica, no centro do País, que o torna especialmente sensível em relação à questão sanitária.
“Qualquer evento que aconteça aqui não afetará apenas o Estado, mas todo o País”, diz Caixeta, acrescentando que não acredita que “essa absurda divisão dos recursos sejam do conhecimento detalhado do ministro Roberto Rodrigues”.
O presidente da Sociedade Goiana de Pecuária e Agricultura (SGPA), Fernando Honorato, disse que o ministro da Agricultura precisa vir a público esclarecer o que de fato aconteceu nessa divisão dos recursos. “Para um governo que gosta tanto de falar em transparência, estamos diante de uma grande contradição. É preciso ficar claro se o funcionário do ministério encarregado desse rateio agiu como técnico ou como agente político. Se foi como técnico, demonstrou incompetência, pois não foi capaz de reconhecer a condição de Goiás como um dos três maiores produtores bovinos do País”, criticou o presidente da SGPA.
O coordenador do Fórum Nacional da Pecuária de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Antenor Nogueira, diz que não é só uma questão de demonstrar insatisfação. “Estamos reivindicando do ministério a imediata revisão dessa medida absurda”. Segundo ele, além de Goiás, o Mato Grosso do Sul também saiu gravemente prejudicado na divisão dos recursos, pois ficou com apenas R$ 950 mil, embora tenha um rebanho de 24,95 milhões de bovinos. “Conheço bem o ministro Roberto Rodrigues e sei que não agiria de forma tão discricionária em relação a qualquer Estado”, diz Nogueira, sugerindo que o equívoco esteja nos escalões intermediários.
Fonte: O Popular/GO (por Edimilson de Souza Lima), adaptado por Equipe BeefPoint