Em reunião na sexta-feira, 1o de outubro, em Genebra, o Brasil advertiu a Rússia a não incorrer no erro de vincular o fim do atual embargo russo às carnes brasileiras às condições da entrada daquele país na Organização Mundial de Comércio (OMC).
Brasília acredita que Moscou impôs o embargo, oficialmente em razão da descoberta de um foco de febre aftosa no Amazonas, para pressionar o Brasil a reduzir suas demandas em troca do apoio à entrada da Rússia na OMC.
Pelas regras da OMC, cada vez que um país quer aderir ao órgão, deve fazer concessões aos países já membros. E uma das condições que o Brasil vem colocando é o de obter maior cota (com tarifa menor) para ampliar a exportação de carnes ao mercado russo.
O problema é que Moscou já negociou com EUA e União Européia com a promessa de destinar ao país e ao bloco mais espaço para suas carnes suína e de frango. Sendo assim, sobrou pouco para países como o Brasil, particularmente competitivo nos dois produtos.
Como aparentemente não há como atender o Brasil, os russos teriam posto “um bode na sala”. Ou seja, tentam barrar o fluxo atual das carnes, para depois trocar sua retirada na barganha na OMC. Mas, em Genebra, a delegação brasileira alertou que não aceitará pressão. A delegação insistiu que é de interesse dos dois lados não misturar questões bilaterais com as negociações visando o acesso da Rússia na OMC.
A resposta de Moscou foi propor uma reunião técnica, mas os brasileiros lembraram que já houve esse tipo de reunião no dia 21 de setembro, na capital russa, e a impressão foi realmente de que o embargo não tem razões técnicas sustentáveis, já que o foco amazonense de febre aftosa não coloca em risco o rebanho dos estados exportadores.
Os russos “tomaram nota” das posições brasileiras e voltaram para Moscou, ainda acreditando que vão ter o sinal verde para entrar na Organização Mundial do Comércio talvez já no ano que vem.
Fonte: Valor OnLine (por Assis Moreira), adaptado por Equipe BeefPoint