Atualmente, o mercado Brasileiro de carne bovina vive um momento histórico, tendo atingido o topo do ranking mundial dos exportadores de carne bovina. Porém, esse brilhantismo no setor não foi celebrado com os produtores, que continuam trabalhando com margens estreitas de lucro, e por vezes, mantendo o negócio devido somente à segurança financeira. .
O Brasil se tornou o maior exportador mundial em quantidade de carne bovina, mas fica bem atrás dos concorrentes quando falamos em qualidade e valores negociados. A falta de qualidade reflete em menores preços de venda aos melhores mercados importadores, que exigem qualidade, mas pagam bem por ela. Apesar de não haver sistemas de classificação de carcaças implantados nas linhas de produção dos frigoríficos, esses terão que atentar a esse fator se quiserem continuar a crescer no mercado de exportação, e terão de valorizar sua matéria-prima.
Dificilmente serão ofertadas mais cotas de venda de carne ao Brasil, pois a Austrália já superou os problemas causados pela forte seca que afetou o país, e voltará com força às exportações. A Argentina, após solucionar seu problema sanitário, também volta ao mercado de exportações, e com qualidade de carne superior a do Brasil. Portanto, a única forma de promover crescimento, não só em quantidade, mas também em valores negociados nas exportações Brasileiras de carne bovina, será através do fornecimento de um produto com melhor qualidade e homogeneidade.
Os fatores relacionados à qualidade da carne citados acima seriam principalmente idade de abate (maciez), acabamento (proteção, resfriamento e sabor) e peso adequado de carcaça (tamanho de cortes). A produção de carcaças com qualidade desejada em condições de pastagens nos trópicos, só é possível através da utilização de tecnologias como suplementação e/ou confinamento, permitindo elevar o nível nutricional dos animais na recria e engorda.
Santos et al. (2002) avaliaram o efeito da suplementação de bovinos cruzados (Limousin X Nelore) inteiros, em terminação a pasto durante período de secas. Foram utilizadas pastagens de Brachiaria decumbens vedadas, para obtenção de um maior volume de massa, com os seguintes tratamentos: sal mineral (controle), 75% milho (T2), 50% milho (T3), 25% milho (T4) e farelo de trigo (T5). Os animais receberam 3,7 kg MS/cab/dia (1% peso vivo) de suplemento com 24% PB e NDT variando de 68 a 86%.
Tabela 1. Composição percentual dos suplementos.
Animais não suplementados apresentaram maior proporção de ossos na carcaça, e menor relação músculo/osso (RELMO) do que animais que foram suplementados. Segundo o autor, a menor relação músculo/osso e a alta proporção de ossos nas carcaças dos animais não suplementados, demonstram o baixo desenvolvimento muscular desses animais devido deficiência nutricional (Tabela 2).
Tabela 2. Peso de carcaça, espessura de gordura, AOL, % tecido adiposo, % ossos, % músculos e RELMO para os diferentes tratamentos.
Referências bibliográficas
SANTOS, E.D.G.; PAULINO, M.F.; LANA, R.P.; VALADARES FILHO, S.C.; QUEIROZ, D.S. Influência da suplementação com concentrados nas características de carcaça da bovinos F1 Limousin-Nelore, não castrados, durante a seca em pastagens de Brachiaria decumbens. Revista da Sociedade Brasileira de Zootecnia, v. 31, n. 4, p. 1823-1832, 2002.
MINSON, D.J. Forage in ruminant nutrition. San Diego: Academic Press, 1990, cap. 2, p. 9-58.