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China: Brasil exige acesso a carne bovina

O Brasil exigirá da China um maior acesso aos seus mercados de carnes, de soja e de frutas, como contrapartida ao pedido chinês de ter sua economia reconhecida como de mercado. Na avaliação do governo brasileiro, os chineses adotam regras fitossanitárias pouco transparentes, que dificultam as exportações agrícolas brasileiras. O assunto será tratado durante a visita do presidente chinês ao Brasil, Hu Jintao, que desembarca amanhã em Brasília.

O principal trunfo brasileiro para conseguir conquistar mercados agrícolas na China, o país mais populoso do mundo, é exatamente o desejo chinês de ser reconhecido como economia de mercado, e não como uma economia de transição.

A classificação do país, que depende apenas de um entendimento bilateral, tem reflexos no tratamento que se recebe na OMC (Organização Mundial do Comércio). Economias em transição, caso da China e da Rússia, por exemplo, são mais vulneráveis a processos de anti-dumping. Na sua relação com economias de mercado, os sócios da OMC precisam adotar métodos mais transparentes de investigação para impor a barreira.

Transparência é também o que Lula quer da China nas relações comerciais agrícolas. “As negociações não são fáceis. A última reunião técnica, no sábado, terminou às 6h”, afirmou Rodrigues. A China já tomou medidas arbitrárias que prejudicaram as vendas brasileiras.

O maior importador de soja do Brasil restringiu a entrada do grão brasileiro no final do primeiro semestre, a partir de exigências consideradas injustificadas pelo Brasil. Na época, 23 tradings brasileiras foram impedidas de vender soja para o mercado chinês.

O problema foi superado com base num documento assinado pelos dois países que, na avaliação do governo, não evitará problemas no futuro. O Ministério da Agricultura quer um acordo no qual fique claro que a China não colocará barreiras técnicas sempre que achar conveniente.

No caso da carne, o Brasil, maior exportador mundial do produto, ainda não conseguiu vendas substanciais para o mercado chinês (cerca de US$ 30 milhões neste ano). Segundo Furlan, há dois anos foi assinado um protocolo fitossanitário com a China para a venda de carnes, mas até hoje não houve abertura efetiva do mercado. Rodrigues afirma que o mercado chinês pode render ao Brasil US$ 600 milhões por ano com a venda de carnes.

O ministro afirma que houve avanços consideráveis nas negociações sobre a venda de carne de boi, mas o mesmo não se pode falar sobre a venda de carne suína.

“O acordo da carne bovina já foi redigido e deve ser assinado durante a visita”, afirmou o presidente da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carnes (Abiec), Marcus Vinícius Pratini de Moraes. Ele não quer fazer previsões, mas acredita que o mercado chinês possa ter o mesmo tamanho do russo. Hoje, o País exporta US$ 200 milhões para a Rússia, um dos principais compradores da carne brasileira.

“Não foi possível conseguir tudo o que se queríamos”, admitiu o ministro. Ele disse que o Brasil tem interesse na venda de miúdos de boi para a China. No entanto, os chineses só aceitam a negociação com os miúdos se o Brasil autorizar as compras de carne suína chinesa in natura. “Esse assunto não podemos aceitar por questões sanitárias ainda não resolvidas”, explicou Rodrigues, dando a entender que há problemas no rebanho chinês. Hoje, técnicos dos dois países reúnem-se para finalizar os protocolos que devem ser assinados pelo presidente Lula e por Jintao.

Fonte: Folha de S.Paulo (por André Solani) e O Estado de S.Paulo (por Fabíola Salvador e Patrícia Campos Mello), adaptado por Equipe BeefPoint

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