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Redução de preços agrava situação da pecuária gaúcha

A restrição de animais prontos para abate é dia a dia mais evidente desencadeando novos reajustes dos preços tanto da arroba do boi quanto da vaca, em todo o País. De forma oposta, o mercado pecuário do Rio Grande do Sul, que responde por quase 10% do rebanho nacional (segundo o IBGE, 2002) segue com oferta maior que a demanda, acarretando diminuições consecutivas dos preços neste Estado.

No correr de novembro, houve uma ligeira diminuição das ofertas no RS, favorecida pelas chuvas, que beneficiaram as pastagens e pela menor disponibilidade de animais para abate imediato. Com isso, as cotações estão um pouco mais estáveis que nas semanas anteriores. Mesmo assim, o mercado gaúcho permanece “vendedor”, caracterizando-se como uma exceção ao resto do País.

No Rio Grande do Sul, as ofertas aumentaram nos meses anteriores em função, especialmente, da necessidade de liberação de áreas para o cultivo da soja. Para agravar a situação, neste ano, parte das entregas dos pecuaristas foi adiada, na expectativa de obtenção de preços melhores. Isso gerou uma concentração das ofertas em outubro, que permitiu aos frigoríficos alongar significativamente suas escalas de abate, forçando novas baixas. Dessa forma, a exemplo das demais regiões do País, o ciclo de safra dos gaúchos também vem sendo considerado atípico este ano.

Desde a ocorrência de aftosa, em maio de 2001, as dificuldades para os pecuaristas do estado se agravaram, já que alguns mercados se fecharam para a carne gaúcha. Além disso, agentes do mercado destacam como problemática, a competição com frigoríficos do Centro-Oeste e com países vizinhos na venda de carne no varejo. A concorrência com a agricultura por espaço, as freqüentes ameaças de sem-terra e a baixa potencialidade de exportação complicam ainda mais este cenário. Há ainda fatores ligados a aspectos naturais, problemas de operacionalização e estruturação do setor e condições fiscais e tributárias.

Os valores negociados no Rio Grande do Sul vêm sendo os menores em comparação às demais praças pesquisadas, inclusive às do Pará e Rondônia. É preciso destacar, porém, que a insatisfação vendedora com os preços atuais é generalizada (todos os Estados), embora o valor da arroba venha sendo ajustado de forma gradual em diversas regiões. Enquanto a arroba do boi gordo (não-rastreado) foi cotada em torno de R$ 50,00 nessa quinta-feira, 18 de novembro, na região sul do Pará e R$ 52 em Rondônia. No Rio Grande do Sul, a arroba do boi valia R$ 49,50, a menor cotação do País.

Concomitante aos fatores que tendem a pressionar as cotações, os gaúchos enfrentam ainda o aumento dos custos, mas em escala inferior à média dos nove principais estados pecuários do País. No correr deste ano – até setembro -, o aumento dos custos operacionais totais no Rio Grande do Sul foi de 4,9%, ao passo que a média dos nove Estados acompanhados pelo Cepea/CNA chega a 8,3%.

O resultado (no RS) tem sido o desestímulo à produção pecuária de corte no estado, refletida no abate de matrizes, que leva à diminuição do rebanho, e no fechamento de alguns frigoríficos na região nos últimos anos. A fim de tentar reverter esse quadro, operadores daquela região têm buscado soluções imediatas como a atuação nos mercados árabes e uruguaio. Vale lembrar, no entanto, que ainda são poucos os frigoríficos habilitados para as vendas externas, o que desmotiva a maioria dos pecuaristas gaúchos a rastrear os rebanhos já que, segundo diversas fontes, não é obtida uma remuneração que compense o processo.

Fonte: Equipe BeefPoint, com base nos dados do Cepea

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