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VPJ Pecuária verticaliza da genética ao bife e agrega valor

O pecuarista Valdomiro Poliselli, titular da VPJ Pecuária, colocou em prática a partir de julho deste ano um projeto que vem se desenhando há alguns anos em sua cabeça. Detentor de um dos maiores rebanhos nacionais da raça Red Angus, com aproximadamente 2.500 animais PO e POI, o pecuarista que também trabalha com engorda de bovinos, resolveu alçar vôos mais altos. Com genética própria e estrutura para a engorda de animais, Poliselli decidiu colocar no mercado sua própria carne, sem intermediários.

A estratégia do da VPJ não é apenas a criação de uma marca de carne, a VPJ Beef. Poliselli quer negociar sua própria produção, com quem sabe valorizar um produto de qualidade diferenciada. “A intenção é fidelizar o chefe de cozinha”, relata. O pecuarista optou por explorar um nicho de mercado top, como churrascarias e redes de hotéis, trabalhando com cortes porcionados, padronizados para a confecção de um prato. “Estamos oferendo um serviço diferenciado que valoriza o produto. Os cortes são do tamanho ideal para se fazer um prato. Há uma padronização no tamanho das peças. Não há necessidade de manuseio na cozinha, basta abrir a embalagem e preparar o pedido”, explica Poliselli, que compara esta padronização à conseguida até hoje apenas pelos cortes de frango.


Foto 1: carne embalada da marca VPJ Beef

O pecuarista diz que o diferencial de sua carne está na raça Angus “reconhecida mundialmente, por produzir carne de qualidade”, na idade dos animais, abatidos com no máximo 18 meses, terminados em confinamento com grande aporte de concentrado energético, o que garante marmoreio, cobertura de gordura e maciez. Seus clientes estão todos na cidade de São Paulo. O maior deles é a churrascaria Varanda Grill, de Silvio Lazzarini. Mas entre sua carteira de clientes estão os Hotéis Fazano, Meliá e a rede Hilton.

Como funciona

Tudo começa em uma propriedade de Poliselli em Mococa, SP, onde é realizada a seleção genética dos reprodutores Angus. Desses animais irá originar a carne produzida no futuro. A seleção é focada no aumento do marmoreio e no aumento da área de olho de lombo, característica de maior importância econômica, segundo o pecuarista. A linhagem utilizada é a canadense, que proporciona maior comprimento de carcaça e menor quantidade de pêlo. “Não admitimos animais com pêlo na propriedade. Como os animais serão levados para serviço no Centro Oeste, estamos fazendo um trabalho de adaptação. Este ano descartamos 26% dos touros em função da quantidade de pêlo e outros quesitos que os desclassificam para a adaptação”.


Foto 2: confinamento em Nova Crixás/GO

O segundo passo é a transferência dos touros para sua propriedade em Goiás, em Nova Crixás, onde se inicia o projeto de cria. Poliselli possui estrutura de transporte própria, o que lhe dá agilidade e ajuda no manejo, diminuindo perdas. Seus motoristas são treinados para conduzir os animais, o que evita, por exemplo, perdas por hematomas na carne, causados geralmente por contusões durante o transporte.

Na propriedade de cria, é realizado o cruzamento industrial. Vacas Nelore são inseminadas com genética Red Angus da VPJ e o repasse é feito também com os touros Red Angus produzidos pela própria empresa.

O confinamento é a terceira etapa do processo. As bezerras meio sangue recém-desmamadas, por serem mais precoces que os machos, vão direto para o cocho. Os machos são recriados até os 12 meses e então são fechados no confinamento. Os animais saem do confinamento com no máximo 18 meses. A dieta, rica em energia, garante o acabamento e a marmorização necessária.

O abate é a quarta etapa do processo. Duas vezes ao mês, durante dois dias, Poliselli abate seus animais no Frigorífico Goianésia, situado em cidade de mesmo nome. O abate é terceirizado, o pecuarista paga uma taxa ao abatedouro e este realiza o abate, a desossa e a embalagem dos cortes. Parte do pagamento é feito com os subprodutos dos animais. O gerente de carne da VPJ acompanha todo o processo.


Foto 3: Carcaças no frigrífico Goianésia

Todos os dianteiros são consumidos pela comunidade judaica de São Paulo, e desta forma Poliselli conseguiu uma boa saída para escoar os dianteiros, mercadoria de mais difícil colocação no mercado. Todo o abate realizado é do tipo Kosher, e é acompanhado por cinco rabinos.

O couro é comercializado pela VPJ Pecuária apurando valor acima de R$ 100,00 por peça. “Temos um trabalho muito sério de preservação do couro. Os animais são marcados apenas na cara. Não temos cerca de arame farpado e os funcionários são treinados em como lidar com os animais. O fato dos animais não terem cupim ajuda a agregar ainda mais valor ao nosso produto, pois é um couro mais padronizado, sem perdas”.

Atualmente a VPJ está abatendo 400 a 500 animais ao mês. Toda carne embalada em cortes é levada para a cidade de São Paulo e distribuída diretamente pela VPJ aos seus clientes. A negociação é feita com base nos preços de cada corte. Os hotéis e restaurantes fazem seus pedidos antecipadamente, o que facilita a logística do processo. Este, por sinal, foi um dos fatores que inibiu o pecuarista de entrar no mercado varejista. “No varejo é preciso lidar com as incertezas do mercado. É necessária uma estrutura maior para atender a demanda”, observa.

Futuro

Está programada para janeiro de 2005 a inauguração de um entreposto comercial de carnes pela VPJ em Jaguariúna, SP. A carne virá embalada de Goiás e será armazenada e distribuída via Jaguariúna. “Vou poder vender para outros grandes centros consumidores, como Rio de Janeiro e Campinas”.

Poliselli também vai lançar um programa de integração com produtores do estado de Goiás. Ele irá fornecer a genética aos criadores e irá garantir toda a compra da produção. Desta forma ele conseguirá aumentar sua produção para atender a demanda que é cada vez mais crescente.

Fonte: Equipe BeefPoint

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