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PR: frigorífico Margen tem abates paralisados

O frigorífico Margen, em Paranavaí (região noroeste do Paraná), único que exporta no estado, praticamente teve o abate paralisado desde a última terça-feira. Estão deixando de ser abatidas cerca de 2.500 cabeças por dia ou 55 mil cabeças por mês nas quatro unidades do grupo no estado, segundo estimativa do Sindicato da Indústria da Carne (Sindicarnes). Com a paralisação do Margen, o Paraná perde a condição de estado exportador de carne, onde se destacava como quarto maior exportador em volume e quinto maior em faturamento.

Segundo informações levantadas pela reportagem com escritórios compradores da região, a paralisação não foi iniciativa do frigorífico e sim, dos pecuaristas. De acordo com um dos escritórios, desde segunda-feira o Margen não estava fazendo nenhum tipo de pagamento, pois estaria com as contas bloqueadas pela Justiça.

Segundo as informações, apenas o dinheiro dos salários dos funcionários havia sido liberado. ”Ninguém quer entregar o animal e não saber quando vai receber. Os únicos que ainda estão fazendo isso é quem tem uma disponibilidade maior de capital e são poucos”, disse um pecuarista que não quis se identificar.

O Paraná, que vinha aumentando as exportações de carne bovina este ano, deve perder cerca de US$ 9,5 milhões por mês, correspondente à venda do produto no mercado externo, calculou o presidente do Sindicarnes, Péricles Salazar. O Estado exportou 41 mil toneladas de carne no período janeiro a outubro, que geraram US$ 95,7 milhões. A perda do Paraná vai implicar no aumento do caráter exportador de outros pólos como São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás.

Estão paradas as unidades de Paranavaí, Lupianópolis e mais dois frigoríficos em Maringá. Recentemente, o Margen havia adquirido as duas unidades do frigorífico Amambai, de Maringá.

Para Salazar, é evidente que frigoríficos exportadores de outros estados virão comprar animais no Paraná. ”Mas eles não vão adquirir na mesma proporção que o Margen, que estava instalado no estado”, explicou.

De acordo com Salazar, o impacto da paralisação do Margen deverá ser sentido a partir do ano que vem, quando normalmente os preços da carne caem no mercado. Só o Margen absorvia 40% dos abates no estado, estimados em 130 mil cabeças por mês. ”Não deve haver queda no preço da arroba do boi em dezembro porque o aumento da demanda anula o efeito Margem”. Mas a partir de janeiro, a situação muda, avisou.

Além do impacto econômico, as acusações de sonegação que pesam sobre os proprietários do frigorífico respingam em toda a categoria, admitiu Salazar. ”A imagem é negativa, mas isso não significa que todos os donos de frigoríficos são bandidos”, salientou.
O presidente do Sindicarnes disse que o setor vive um quadro difícil com excessiva carga tributária, incompatível com a capacidade de pagamento do setor. Além disso, enfrenta concorrência desleal com os abates clandestinos e legislação sanitária negativa, detalhou.

Fonte: Folha de Londrina (por Vânia Casado, com colaboração de Telma Elorza), adaptado por Equipe BeefPoint

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