A criação de uma nova estratégia de venda de gado, com a implantação de política de preços mínimos, é a recomendação da Federação da Agricultura (Farsul) aos sindicatos filiados. O objetivo é aumentar o valor do quilo do boi no Rio Grande do Sul. A deliberação foi tomada em reunião da Comissão de Pecuária de Corte da Farsul, realizada na manhã desta terça-feira (11/06), em Porto Alegre. “Queremos disciplinar a comercialização de gado vivo”, explicou o presidente da entidade, Carlos Sperotto.
A entidade se baseia no exemplo dos pecuaristas de Alegrete, que, desde maio, adotaram o valor de R$ 1,40 como preço base do quilo. Segundo o vice-presidente do Sindicato Rural de Alegrete – município com o maior rebanho bovino gaúcho: 600 mil cabeças-, Thales Medeiros da Costa, a organização dos produtores conseguiu elevar a cotação do boi, que no início de abril estava em R$ 1,15.
Com o êxito da iniciativa, a Farsul decidiu indicar o mesmo procedimento às demais regiões do Estado. Com isso os sindicatos rurais do Rio Grande do Sul devem organizar os pecuaristas para balizar o preço do animal e traçar planos locais de comercialização. No encontro, os produtores também decidiram aprofundar os estudos sobre a cadeia produtiva. Dirigentes de sindicatos rurais se comprometeram a realizar pesquisas junto às suas bases, coletando e enviando à Federação planilhas de custos da atividade pecuária nas diferentes regiões do Estado. Ao mesmo tempo, grupos organizados de produtores devem promover pesquisas sistemáticas para verificar o preço da carne nas gôndolas dos supermercados. A intenção é fazer um raio-x completo da cadeia produtiva, para que se possa negociar melhores valores junto à indústria. “Queremos que, dentro da cadeia produtiva, se faça a distribuição harmônica de custos”, disse Sperotto.
O presidente do Sindicato das Indústrias de Carne (Sicadergs), Mauro Lopes, disse que a entidade aprova a organização dos produtores. Alerta, porém, que o preço do boi é determinado pelo mercado, observando que, no caso da oferta de animais gaúchos ser represada, como forma de pressão, os frigoríficos podem apelar para a compra de carne do Brasil Central.
Sperotto também informou que a Farsul atuará junto aos órgãos públicos de fiscalização sanitária, pedindo a intensificação do controle sobre a carne, do Mercosul e do Centro-Oeste brasileiro, que chega ao Rio Grande do Sul. O objetivo, afirma, é proteger o mercado gaúcho.
Outra preocupação manifestada pelos pecuaristas, durante a reunião, foi com relação à inadimplência de alguns compradores. Os produtores estabeleceram uma estratégia para reduzir o calote praticado por algumas indústrias. Vão elaborar um cadastro interno com informações sobre compradores, indicando os que têm cumprido com suas obrigações de pagamento.
Fonte: Zero Hora e Clic RBS/Agrol, adaptado por Equipe BeefPoint