O índice de preços de carnes da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (Food and Agriculture Organization – FAO) aumentou no meio do ano de 2004 para o valor mais alto dos últimos oito anos à medida que os fechamentos de mercados devido a doenças animais e a preocupações referentes à saúde animal elevaram os preços internacionais médios de carne de frango e bovina em 24% e 12%, respectivamente. Entretanto, o índice vem se estabilizando nas últimas semanas à medida que as barreiras de importação aos produtos de áreas antes afetadas por doenças têm sido retiradas e as ofertas exportáveis têm, subseqüentemente, aumentado.
Os maiores preços para todas as carnes durante o ano limitaram o consumo global de carnes e o consumo per capita deverá aumentar somente marginalmente, de 40,3 para 40,6 quilos. O aumento anual deverá ser o mesmo neste ano para países desenvolvidos e em desenvolvimento, mas o consumo anual per capita nos países em desenvolvimento, estimado em 29,7 quilos, permanecerá sendo somente um terço do consumo dos países desenvolvidos.
Até o final de 2004, os mercados mundiais gradualmente começarão a reabrir à medida que os países onde as restrições comerciais foram previamente instaladas recuperaram seu status de livre de doença ou substituíram os tipos de carnes de exportação, como para produtos cozidos, o que mitiga as preocupações referentes à segurança alimentar. Entretanto, a ampla extensão dos fechamentos de mercados e as preocupações referentes à segurança alimentar entre os consumidores durante a maior parte do ano levou a uma queda inesperada de 2% no comércio global de carnes em 2004, para 19,1 milhões de toneladas, o primeiro declínio desde o meio da década de oitenta. Ao mesmo tempo, a participação no comércio entre os exportadores mudou significantemente. A porção dos exportadores dos países desenvolvidos caiu em 3% para 58%, enquanto a América do Sul, maior exportador entre os países em desenvolvimento, deverá aumentar sua participação de 23% para 28%.
Fatores adversos nos suprimentos exportáveis de carne bovina pressionam preços internacionais para cima
Apesar da queda na produção de carne bovina nos países desenvolvidos ao menor nível desde os anos setenta, a produção global de carne bovina em 2004 deverá atingir 62,2 milhões de toneladas, 1,5% a mais do que no ano anterior. Nos países desenvolvidos, os menores estoques de bovinos levaram ao segundo declínio anual consecutivo nos abates, reduzindo a produção em cerca de 2,4%. Em contraste, a produção nos países em desenvolvimento deverá crescer 5%, apoiada pela forte demanda global por produtos da América do Sul e Índia. Como resultado disso, a participação dos países em desenvolvimento na produção global aumentou novamente em 2004, atingindo 54%, 10% a mais do que há 10 anos. Entretanto, o consumo per capita nos países em desenvolvimento, estimado em 6,5 quilos, permanece menos de um terço daquele dos países desenvolvidos, que declinou pelo segundo ano consecutivo em 2004, para 23 quilos.
O comércio global de carne bovina deverá declinar em 6% em 2004, refletindo as barreiras impostas devido à Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB) às exportações de carne bovina da América do Norte e aos preços altos, que prejudicaram a demanda de importação, especialmente na Ásia. A participação dos países em desenvolvimento nas exportações mundiais de carne bovina será de 48%, bem maior do que em 2003, quando foi de 37%. As indústrias exportadoras da América do Sul se beneficiaram não somente com a ausência dos EUA do mercado, mas também, com a melhoria do status com relação a doenças, com as taxas de câmbio favoráveis e com a capacidade de rapidamente redirecionar os produtos que antes eram direcionados ao mercado doméstico para o mercado externo. O crescimento nas exportações nesta região é estimado em quase 30% em 2004, ou seja, semelhante ao crescimento dos dois últimos anos. Entre os países desenvolvidos, apesar de a Austrália ter mantido um alto nível de exportação, a União Européia (UE), que antes era uma grande competidora nos mercados internacionais, permaneceu como importador líquido pelo segundo ano consecutivo.
Mercados de carnes se estabilizarão em 2005
A reabertura gradual dos mercados anteriormente restritos e a estabilização do consumo deverão levar à recuperação na produção e comércio de carnes em 2005. A produção de carnes deverá aumentar tanto em países desenvolvidos como naqueles em desenvolvimento. A oferta de carne de frango e de suínos deverá se expandir, à medida que os preços dos alimentos animais diminuam e as preocupações referentes a doenças animais também diminuam. Em contraste, a reconstrução dos estoques de bovinos e ovinos nas principais áreas exportadoras pode levar a outro declínio na produção de carne bovina e ovina.
Como resultado da recuperação prevista na produção de carne bovina, os preços deverão se estabilizar em níveis mais baixos em 2005, impulsionando um aumento no comércio de carnes. Apesar da previsão seja de que o comércio global de carnes aumente 3%, vários fatores podem modificar esta previsão, entre eles, o esquema para a retomada do comércio de carne bovina entre EUA e Japão. A competição nos mercados de carnes será adicionalmente influenciada pelos movimentos na taxa de câmbio juntamente com o potencial impacto das mudanças nas preferências por carnes de fornecedores alternativos em 2004.
1 Incluindo países da Ásia CIS.
2 Incluindo Estados Bálticos e países CIS na Europa.