Um convênio entre o governo do Acre e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) garantirá R$ 1.088 milhão, para a manutenção dos serviços de atenção à saúde animal e vegetal daquele Estado. O acordo visa controlar as doenças contagiosas e de fácil disseminação para as espécies animais, como a febre aftosa e a brucelose.
Já em Rondônia, os pecuaristas continuam trabalhando para manter o estado livre da aftosa, desde 1999 não há registro de casos no território rondonense. No entanto, o Estado ainda é considerada zona de risco e os produtores sofrem com isso. Sem poder vender gado em pé e carne com osso para o Circuito Pecuário Oeste, ficam com 60% da produção excedente.
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O Acre está classificado como área de médio risco para a febre aftosa e, por isso, existe a necessidade de uma maior fiscalização na importação de animais e produtos e subprodutos de origem animal e vegetal. Motivo que levou o Mapa a fechar convênio com o governo estadual a fim de liberar verba para o serviço de saúde animal e vegetal.
Entre as medidas contra as doenças que podem atingir as criações, estão o controle no trânsito dos animais em feiras, leilões ou exposições, a vacinação, a comercialização de vacinas e a certificação de propriedades livres das doenças.
Rondônia dá exemplo
Rondônia não registra casos de febre aftosa desde março de 1999, desde então pecuaristas e empresários redobraram esforços para erradicar de vez a doença no Estado. O passo principal foi a criação do Fundo Emergencial da Febre Aftosa (Fefa), com participação da iniciativa privada e dos governos municipais, estadual e federal. O fundo arrecada 0,2% do pecuarista e o mesmo percentual do frigorífico para cada animal abatido. Os recursos são destinados a campanhas de conscientização e ao pagamento de indenizações para eventuais focos da doença.
Os coordenadores do Fefa tiveram como primeira tarefa realizar um cadastramento das propriedades rurais do Estado, para saber o tamanho exato do rebanho a ser protegido. O presidente do fundo, José Vidal Hilgert, afirma que a maioria das 84.674 propriedades é pequena, com até 100 hectares. Mas é especialmente nas grandes áreas, com mais de 10 mil hectares, que estão os maiores exemplos de sucesso na criação do gado nelore. São criadores com pelo menos 10 mil cabeças, que investem em cria, recria e engorda.
As ações de erradicação da febre aftosa foram intensificadas depois que o Circuito Pecuário Centro-Oeste (composto por Paraná, São Paulo, parte de Minas Gerais, Goiás, Distrito Federal e Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Tocantins) foi declarado zona livre da doença com vacinação. Os pecuaristas de Rondônia ficaram impedidos de vender animais em pé e carne com osso para esses Estados, que formavam o principal mercado para o produto rondonense. Rondônia ainda pertence ao Circuito Norte, considerado zona de risco, mas o setor da carne garante que está bem mais avançado no controle sanitário.
O índice de vacinação alcançado no início do ano foi de 99,6%. Os técnicos do Fefa acompanham a aplicação das doses quando necessário e afirmam que a integração com os agentes públicos também reforça o sucesso da imunização. “A nossa expectativa é de realizar uma sorologia em todo o rebanho de Rondônia em setembro para comprovar esse trabalho”, destaca Hilgert.
Caso a sorologia comprove a ausência do vírus há pelo menos três anos, os pecuaristas esperam que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) derrube as barreiras na divisa com Mato Grosso. O desejo é conquistar o status de zona livre de febre aftosa com vacinação, independentemente da condição dos demais estados do Circuito Norte.
Estratégias
As restrições no comércio com outros Estados causam efeitos negativos para os pecuaristas de Rondônia. O total de abates no Estado é estimado em 1,3 milhão de animais por ano. Apenas 30% desse volume são absorvidos pelos consumidores locais, o que causa um excedente de aproximadamente 900 mil cabeças.
A saída encontrada pelos frigoríficos foi investir nos equipamentos de desossa para continuar vendendo a outros mercados como São Paulo. E quem saiu perdendo foram os pecuaristas, que vêm recebendo preços mais baixos pela arroba do boi. “Historicamente, o pecuarista de Rondônia recebia R$ 5 a menos em relação ao preço praticado em São Paulo. Com esta situação, a diferença chega até a R$ 10”, reclama o presidente do Fefa.
Atualmente, os frigoríficos de Rondônia pagam em média R$ 36 pela arroba, enquanto no mercado de São Paulo a cotação atinge R$ 43. O grupo que domina os principais frigoríficos de Rondônia, o Frigovira, é o retrato desta situação.
De acordo com o diretor, Luís Alfredo Bertoncini, a empresa investiu R$ 3 milhões para começar a fazer a desossa. Praticamente toda a produção, 15 toneladas por dia, é destinada a São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Estados do Nordeste. “A diferença no preço não se refere somente ao excedente, mas também ao custo mais elevado do frete e à cobrança de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que está fixado em 4% quando a carne sai de Rondônia”, justifica.
Os frigoríficos também apostam na derrubada das barreiras sanitárias e na conquista da condição de zona livre de febre aftosa com vacinação. Segundo Bertoncini, as vendas poderiam ser ampliadas em 30% com o acesso ao mercado externo. Entre as facilidades para exportar, o setor da carne em Rondônia aponta a proximidade geográfica com outros países sul-americanos, como a Bolívia e o Chile.
Fonte: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e Zero Hora/RS, adaptado por Equipe BeefPoint