Canadá: barreira na alimentação de ruminantes é principal suspeita

Os produtores de carne bovina do Canadá bem como as agências governamentais do país, já abalados com a descoberta de dois novos casos de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), conhecida como doença da ‘vaca louca’, dentro de 10 dias, estão agora descobrindo que a proibição do uso de materiais de animais ruminantes nas rações de ruminantes instituída em 1997 não foi seguida como deveria.

Um relatório publicado no Calgary Herald informa que o Health Canada fez um relatório em 2000 que alerta que a EEB já estava “silenciosamente incubada” no rebanho canadense; que a barreira imposta aos alimentos animais foi altamente permissiva, permitindo que alguns produtos perigosos, como sangue bovinos, fossem usados como alimentos animais; e que o Canadá continua importando produtos questionáveis, como gordura e sangue bovino e até rações, de áreas com graves problemas com EEB, como a França.

O relatório do Health Canada, escrito pelos consultores Joan Orr e Mary Ellen Starodub, diz que a barreira imposta aos alimentos animais era extremamente falha, que permitia partes de suínos e frangos na ração de bovinos, enquanto permitia materiais de risco especificado de bovinos em rações de suínos e aves, criando uma situação propícia para contaminação cruzada.

O proprietário da fazenda onde um animal apresentou resultado positivo para EEB no início de janeiro disse que estava chocado, porque alimentava seus animais somente com ração doméstica e com um único suplemento autorizado. O produtor, Wilhelm Vohs, de Innisfail, Alberta, disse aos repórteres canadenses que 104 outros bezerros, todos da raça Charolês, foram alimentados com o mesmo suplemento na primavera de 1998, com 70 deles sendo vendidos a estabelecimentos de engorda e os outros 34 usados para criação. O animal que foi testado nasceu em março de 1998, cerca de sete meses depois de a barreira ter sido instituída.

Após a instituição da barreira no Canadá, não houve uma coleta dos alimentos contaminados fabricados antes da barreira, porque o governo via a ração como fonte de baixo risco para infecção com EEB. O veterinário da Agência Canadense de Inspeção de Alimentos, Darcy Unseth, disse ao Edmonton Journal que a barreira aos alimentos animais foi uma linha de defesa secundária e que a ração fabricada antes da barreira permaneceu nos mercados atacadistas e varejistas.

Abertura da fronteira com os EUA

A descoberta desses dois novos casos de EEB no Canadá, além do primeiro, registrado em maio de 2003, e a suspeita de que ração potencialmente perigosa ainda circula no país e possivelmente nos EUA, criaram uma tempestade publicitária dos dois lados da fronteira. Enquanto as autoridades canadenses continuam garantindo aos produtores que o caso não atrasará a reabertura da fronteira para os bovinos canadenses, algumas pessoas estão pedindo que esta medida seja adiada.

O governador de Dakota do Norte, John Hoeven, foi o último político dos EUA a pedir que o país espere, dizendo que a fronteira não pode ser reaberta até que as autoridades tenham completado rigorosos testes nas rações fornecidas. O democrata congressista da Califórnia, Henry Waxman, espera se unir a outros congressistas para reverter essa determinação do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), e os senadores dos estados de maior produção rural do país estão pedindo uma investigação da indústria de ração canadense.

O USDA mandou uma delegação técnica ao Canadá para “ajudar” as autoridades canadenses em sua investigação, que está centrada nos registros de rações e para “ajudar” na auditoria da indústria de ração do Canadá, exigida pelo ministro da Agricultura, Andy Mitchell. A Associação Nacional dos Produtores de Carne Bovina dos Estados Unidos (National Cattlemen’s Beef Association – NCBA) também está enviando investigadores para avaliar a situação.

Além disso, o Canadá está agindo rapidamente para instituir uma barreira total do uso de todos os produtos de bovinos em todos os alimentos animais. Esta legislação deverá entrar em efeito rapidamente.

Fonte: MeatingPlace.com (por Pete Hisey), adaptado por Equipe BeefPoint