Por Thiago Fernandes Bernardes1
A produção de silagem visa minimizar os efeitos da sazonalidade na produção, transferindo para o período da seca forragem produzida no período chuvoso. Tal prática não consiste apenas em suprir forragem, mas também fornecer alimento de qualidade satisfatória para manter os índices produtivos e reprodutivos do rebanho ao longo de todo ano. Dessa forma, é preciso programar a atividade de conservação, pois vários setores dentro da propriedade estão envolvidos com a ensilagem, como por exemplo, mão-de-obra qualificada, número de tratores, de colhedoras e de carretas.
Quando se diz programar, inclui neste planejamento o ajuste de máquinas que fazem a colheita da forragem, pois é através delas e de seus operadores que parte do sucesso da ensilagem depende. A colhedora não tem somente o papel de separar os seguimentos planta-solo, mas sim de também promover a picagem da planta num determinado tamanho que seja satisfatório para que haja fermentação de qualidade e posteriormente seja favorável ao consumo dos animais.
O afiamento das facas de corte e a regulagem da distância entre os conjuntos faca e contra-faca, são importantes para diminuir o tamanho de partícula da forragem. Em algumas fazendas tem-se observado que a colhedora não passa por nenhuma revisão antes de se iniciar a colheita e o mais grave é que a maneira que este equipamento estava desde o ultimo dia de uso, ele vai permanecer até o final do processo, promovendo a cada dia tamanho de partícula maior. Também é muito comum a observação de grãos inteiros nas fezes de animais alimentados com silagem de milho e de sorgo, sendo que parte deste problema está ligado ao estágio de maturação dos grãos, mas os ajustes na máquina também são responsáveis por estes tipos de perdas. Portanto, durante a ensilagem destas culturas, a maioria dos grãos deverá sofrer pelo menos uma fragmentação, decorrente da ação mecânica das facas do equipamento.
A redução do tamanho da partícula é essencial para o processo de fermentação da silagem, pois favorece o contato entre as bactérias e o substrato (açúcares), aumenta a densidade da massa, diminui os custos de estocagem, mas principalmente, partículas menores permanecem menos tempo no rúmen do animal, aumentando assim o seu consumo.
Fitzgerald (1996), observou menor tempo de retenção ruminal, maior ingestão e aumento no ganho de peso para os animais que foram alimentados com silagem de azevém com menor tamanho de partícula, como pode ser observado na Tabela 1.
Tabela 1. Efeito do tamanho de partícula do azevém na ingestão de silagem e desempenho de cordeiros
Portanto, a aplicação de tratamentos à forragem no momento da ensilagem tem como objetivo melhorar as características do processo de conservação, visando não só diminuir as perdas, mas também obter um produto de valor nutritivo elevado que permita maior consumo e conseqüente desempenho animal favorável.
A colhedora de forragem que está sendo utilizada e a manutenção que é direcionada será essencial para o desempenho do rebanho. E lembre-se, que o ajuste de máquinas dentro da propriedade não custa dinheiro, apenas um pouco de tempo e paciência.
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1Thiago Fernandes Bernardes, Departamento de Zootecnia – UNESP/Jaboticabal