No primeiro mês de 2005, a maioria dos insumos teve reajustes mínimos, vários, inclusive, negativos. No Estado de São Paulo, fonte comercial da grande maioria dos insumos utilizados na atividade pecuária e também termômetro desse mercado – maior centro consumidor do País -, além do aumento de quase 11% dos custos no ano passado, o pecuarista teve, em janeiro deste ano, um valor 11,1% menor para a arroba do boi (considerando médias a prazo) que o alcançado no início do ano passado. Esses percentuais representam francas diminuições da margem do pecuarista, que enfrenta ainda a concentração da indústria frigorífica, segundo o Cepea.
Os insumos que mais subiram em janeiro foram o sal mineral e os insumos para construção e reforma de cercas, itens que no ano passado também estiveram entre os de maior reajustes. Os motivos continuam vinculados ao mercado internacional. No caso dos insumos à base de aço, é a demanda da China que segue inflacionando os preços.
Já para a suplementação, segundo relatos de empresas que fazem o preparo final, os aumentos decorrem do reajuste do ácido fosfórico, utilizado na composição do fosfato bicálcico, elemento de grande participação no sal mineral. A produção do ácido fosfórico está sob poder de alguns poucos produtores mundiais e, já em dezembro, um desses fornecedores, do Marrocos, começou a reajustá-lo, em cerca de 5% ao mês. Essa tendência que ainda deve continuar por alguns meses vem sendo amenizada pela taxa de câmbio que valoriza o real frente ao dólar.
A suplementação mineral representa quase 15% dos custos totais da pecuária brasileira (média ponderada dos nove Estados pesquisados pelo Cepea), e em janeiro foi reajustada em 1,4%; em 2004, aumentou quase 13%.
A situação do pecuarista brasileiro como um todo é ruim neste início de ano, mas a forte estiagem no Rio Grande do Sul, que aumenta as ofertas, agrava incomparavelmente a situação dos produtores deste Estado. O preço médio do boi gordo em janeiro ficou 5,8% abaixo da média de dezembro, sendo que no correr do ano passado, a desvalorização acumulada no RS já havia sido a maior entre os nove Estados pesquisados pelo Cepea.
No primeiro mês deste ano, os gaúchos receberam, em média, R$ 47,37 por 15 quilos de boi gordo – produto é cotado em quilo morto no Estado -, enquanto os paulistas receberam R$ 58,31/arroba, ambos à vista para descontar o Funrural. Em Goiás, por exemplo, a arroba se desvalorizou 3,4% comparando janeiro a dezembro, mas os custos acenaram positivamente ao produtor deste Estado, recuando 0,66% (custos totais). Já no Mato Grosso, os custos operacionais totais (COT) aumentaram 0,48%, e o boi caiu 2,4%.
Contudo, os maiores aumentos de janeiro pesaram mesmo é no bolso dos produtores de Rondônia e do Pará, que também tiveram recuos significativos da arroba do boi. Nos dois Estados, o sal mineral, as vacinas e os adubos tiveram reajustes expressivos. No Pará, a alta da suplementação beirou os 10% e, em Rondônia, destacaram-se ainda os 8,7% de aumento dos insumos para construção e manutenção de cercas.
Alguns recuos foram registrados justamente para aqueles insumos que representariam investimentos na pecuária. Bezerro, produtos para reprodução animal, sementes de forrageiras e adubos aparecem com sinal negativo na maioria dos Estados. Somente em Goiás e em Minas Gerais, os preços das sementes tiveram altas mínimas.
No caso do bezerro, não são as pequenas variações negativas que preocupam, mas sim a fraca procura por animais de reposição, que persiste há muitos meses, desde final de 2003 em algumas regiões. Apesar dos bons índices de reposição, muitos pecuaristas que trabalham com recria-engorda não se mostram motivados a realizar aquisições expressivas.
Os adubos começaram o ano com ligeira queda frente a dezembro (0,54%), compensando minimamente a alta de 21% verificada em 2004.
Fonte: Cepea, adaptado por Equipe BeefPoint