Em ano de eleição o pecuarista pensa duas vezes na hora de entregar o boi gordo aos frigoríficos, provocando uma redução na oferta do produto. Pela lógica econômica, a intranqüilidade gerada pelo processo político motiva uma valorização dos ativos, como o boi e o bezerro. Há, ainda, a expectativa de elevação do dólar, que favorece as exportações de carne brasileira, além do agravamento da crise na economia argentina, principal concorrente do Brasil nos mercados compradores de carne.
Frente a todas estas variáveis, a tendência é diminuir a oferta do produto, comprovada pelas pequenas altas já observadas no mercado futuro de carne. Esta análise conjuntural da pecuária bovina no País integra os Indicadores Pecuários, publicação da parceria CNA/Cepea/Esalq/USP (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil/Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada/Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz/Universidade de São Paulo), lançada ontem (11), na CNA, em Brasília.
Embora com perspectivas de crescimento menos favoráveis do que no ano passado, as exportações de carne in natura tiveram balanço positivo nos primeiros quatro meses de 2002, com aumento de 36% da receita em dólar em relação a 2001. A taxa de câmbio foi um dos principais fatores que contribuíram para o desempenho das exportações, havendo uma relação direta entre a desvalorização da moeda nacional e o aumento das vendas externas. As estimativas da área técnica da CNA e Cepea apontam para um crescimento de 4% no comércio global de carnes, enquanto a expectativa de acréscimo nos volumes exportados de carne bovina supera os 4,4%, o que resultaria em uma exportação de quase 5,7 milhões de toneladas (total mundial).
Os Indicadores Pecuários reproduzem, também, estimativas da FAO de recuperação do consumo mundial de carne, preços e exportações após um ano de pressões negativas no mercado, ocasionadas por problemas sanitários ocorridos na União Européia e Japão. A produção de carne bovina deverá crescer nos países em desenvolvimento, passando de 30 para 31,1 milhões de toneladas, enquanto nos países desenvolvidos se manterão no patamar de 28,9 milhões de toneladas.
As perspectivas são de queda na produção norte-americana e crescimento no Brasil e China. Quanto à demanda interna por boi, os técnicos das duas entidades montaram um cenário considerado realista, prevendo um crescimento de 2,5% na economia em 2002, com taxas positivas de 3% e 5% nos anos seguintes, o que proporcionaria um acréscimo de quase 180 mil bois à atual demanda de 18 milhões de animais. O projeto dos Indicadores Rurais integra, também, o programa de financiamento de exportações de carne bovina, desenvolvido em parceria com a Agência de Promoção de Exportações (APEX).
Fonte: Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), adaptado por Equipe BeefPoint