Temos constantemente abordado o termo “estratégia” como uma necessidade para o produtor rural.
Em outros assuntos que o termo geralmente aparece, é quando se diz que parte de determinados acontecimentos (independente de quais sejam) deve-se à estratégia da indústria varejista, dos laticínios, dos frigoríficos, enfim, de todos os elos da cadeia.
O termo estratégia já trás implícito o seu conceito por si só. No entanto, existem várias definições de estratégias, feitas por diferentes autores da arte da administração. Estratégia, nada mais é, que o conjunto de objetivos de uma organização e a forma de alcançá-los.
Estratégia não é algo que se elabora e dura durante vários anos, pois ela deve ser alterada de acordo com as mudanças do ambiente, da empresa ou organização. Quem não tem uma estratégia formulada, possui os objetivos na própria cabeça, como o que fazemos geralmente para administrar nossa própria vida.
Antigamente, com as mudanças mais lentas no ambiente (leia-se tecnologia, perfil de consumidor, competitividade, acesso à informação, etc.), a mentalização dos objetivos até gerava resultados, pois as informações, em menores quantidades, podiam ser processadas de maneira mais eficaz na cabeça dos líderes das organizações.
Atualmente, faz parte da lista de preocupações dos administradores rurais, assuntos que nem se imaginava antigamente por quem cuidava de fazendas. Atualmente, o produtor sabe que uma crise na Argentina o afetará de alguma maneira, assim como o ocorrido com a crise do México, da Ásia, da Rússia e com problemas sanitários em outros países: a globalização é uma realidade.
A definição de uma estratégia, no entanto, possibilita gerenciar as informações de forma a evitar as perdas quando a situação for desfavorável e maximizar os ganhos quando a situação for favorável.
Parece simples, porém, o empresário precisa saber com antecedência quando o cenário será ou não favorável. Lembre-se que para atuar no mercado, o histórico de preços ou comportamento de um produto serve apenas como uma referência para se tentar prever o futuro, que evidentemente consiste em uma tarefa dificílima e inexata.
Justamente por causa de todas as mudanças, na velocidade que ocorrem, as estratégias não podem ser estanques, pois se assim forem, a empresa passa a ficar preparada para uma situação que não existe mais.
Para ilustrar o exemplo, imagine uma empresa fabricante de vitrolas, que tinha plano estratégico para um ano, cinco anos, dez anos, etc. Tudo ia bem até que no meio do percurso apareceu o tal CD (Compact Disc), substituindo os saudosos “vinis”. Se a empresa manteve a estratégica, mesmo com a iminente mudança do mercado, dançou, perdeu o bonde da oportunidade, dormiu com o cachimbo aceso, etc. Porém, se visualizasse que o mercado mudaria (e não adianta lutar contra a tendência do mercado) e alterasse a estratégia de modo que passasse a produzir aparelhos de CD, poderia sobreviver.
Pode-se contra argumentar dizendo que a tecnologia era outra de difícil acesso e de custo mais elevado, o que exigiria capital elevado e indisponível na empresa. Tudo bem, quanto à tecnologia não há desculpas, pois uma empresa, para sobreviver deve investir constantemente na elaboração e no conhecimento de novas tecnologias – é a chance de sobreviver ao mercado – estando sempre atento às novidades, ora adotando-as, ora esquivando-se delas. A estratégia permite saber a diferença entre quando se aproximar de uma novidade e quando se afastar dela.
Quanto ao dinheiro e necessidade de recursos, tudo bem, o argumento é válido caso o investimento na nova tecnologia fosse impossível dentro do porte do empresário e do volume de capital provisionado (depreciações). Portanto, seria impossível produzir aparelhos para toca CDs. Ah! Então não tinha o que fazer, a fábrica iria para o “buraco” e não haveria remédios.
De fato, isso ocorre no mercado, porém, quando o mercado desta empresa de vitrola extinguiu, se houvesse uma estratégia, as perdas seriam mínimas. Lentamente, e com todo o cuidado, o empresário sem perspectivas no seu ramo, deveria passar a procurar um outro negócio (mesmo que fosse o imobiliário) e liquidaria a sua produção da maneira mais inteligente possível, evitando acumular dívidas e acabar com o mico do estoque de material e outros dissabores quando ocorre o final das atividades em uma empresa.
Observe que apesar de todas as dificuldades no ramo agropecuário, dificilmente um empresário rural chega ao ponto de ter que liquidar o seu negócio, pois seu mercado acabou. A sociedade sempre precisará de alimentos. O setor tem que é ficar a atento a forma e ao local onde devem ser disponibilizados.