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Frigoríficos gaúchos se voltam aos chilenos

Com o anúncio de que o Rio Grande do Sul retomará as exportações de carne bovina desossada e maturada ao Chile, os frigoríficos gaúchos voltam a pensar neste mercado. Cinco estabelecimentos gaúchos estão credenciados para exportar, mas apenas três estão em operação. Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), antes do advento da aftosa, o RS embarcava em média 900 toneladas por mês ao Chile, resultando em 1,5 milhão de dólares. A maioria dos embarques era dos frigoríficos Extremo Sul, de Capão do Leão, e Mercosul, de Bagé, que chegaram a enviar 800 t/mês.

O diretor-presidente do Mercosul, Mauro Pilz, não acredita, porém, que volte a exportar mais que 200 t/mês, o que considera irrisório. Conforme Pilz, será difícil reaver o espaço agora ocupado pelo Brasil Central. “O preço da carne do Centro compensa”. O frigorífico, que já abateu 20 mil cabeças/mês, hoje abate 15 mil cabeças, sendo 60% da produção voltada à exportação. A abertura de mais um mercado deve alterar pouco o valor pago ao produtor, que se queixa dos preços baixos. “Pelo preço que está a carne no exterior, não deve melhorar o pagamento”.

O diretor do frigorífico Extremo Sul, José Alfredo Knorr, acrescenta que, antes da aftosa, exportava patinho ao Chile ao preço médio de 2,7 mil dólares/t, mas que hoje não se paga mais que 1,8 mil dólares. “Isto se deve em parte à entrada do Centro no mercado do Chile, pois eles têm um produto mais barato”. Além disso, Argentina e Uruguai perderam mercados importantes, aumentando a oferta de carne ao Chile. “Vai ser difícil entrar em um mercado competitivo como o chileno”, diz Knorr.

O problema, segundo o dirigente, é que o RS demorou a retomar as exportações, perdendo lugar para Argentina, Uruguai, Centro do Brasil e até para o Paraguai. O Extremo Sul abate três mil cabeças de gado/mês, número que já chegou a sete mil. Antes da aftosa o frigorífico embarcava 350 toneladas/mês. Do total produzido, 30% era exportado, sendo que metade ia para o Chile. O diretor técnico do Ouro Branco, em Tupanciretã, Henrique Couto, informou que o frigorífico não está operando e não há previsão de retomada dos abates.

Indenização

Um ano depois do surto de aftosa em Rio Grande (RS), os produtores que tiveram animais atingidos pela doença ainda enfrentam dificuldades. Muitos estão descapitalizados e ainda não receberam os valores correspondentes ao pagamento dos abates controlados.

Conforme o presidente do sindicato rural do município, Luiz Fernando Almeida, os governos estadual e federal começaram a pagar os produtores e pretendem concluir o pagamento até hoje, mas os pecuaristas estão recebendo valores menores do que o devido. A Secretaria e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) informaram que estão recalculando valores, pois os frigoríficos fizeram os cálculos pelo rendimento da carne, quando deveriam considerar o preço do quilo do boi vivo.

Enquanto isso, muitos pecuaristas estão sem condições de normalizar suas atividades e ainda enfrentam problemas com as cheias. Em junho, muitos campos ficaram dias debaixo d’água. Nos últimos dias, a água baixou, mas ficou o barro, tornando escasso o pasto para os rebanhos, principalmente nos corredores do Senandes e do Albardão. O gado perdeu peso e valor comercial. O animal que antes era comercializado a R$ 360 com 30 dias de prazo para pagamento, hoje, devido às condições dos campos, é vendido por R$ 290 com 90 dias de prazo. Os produtores de leite não estão conseguindo se reerguer. “Eles tinham que ter um lucro cessante, pois deixaram de ganhar por um problema que não foi provocado por eles. Mas ninguém está se interessando pela situação da categoria”, assinala.

Fonte: Correio do Povo/RS, adaptado por Equipe BeefPoint

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