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EUA: Rodrigues garante correção de falhas em frigoríficos

O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, apresentou ontem a seu colega americano, Mike Johanns, um programa de trabalho para solucionar as deficiências que uma comissão de inspetores sanitários do Ministério da Agricultura americano (USDA) detectou em 16 frigoríficos e dez laboratórios que visitou recentemente. Rodrigues pediu um prazo, mas não parece ter recebido garantias antecipadas de renovação do certificado sanitário que permite aos importadores americanos comprar carne industrializada no Brasil, um comércio de US$ 200 milhões em 2004.

“Eles estão preocupados com o assunto e fizeram uma série de observações sobre falhas identificadas nos frigoríficos, laboratórios e no próprio serviço de defesa sanitária do governo brasileiro”, disse Rodrigues ao final da reunião no USDA. “Mostrei nosso programa de trabalho para recuperar o orçamento e os procedimentos (de inspeção e controle sanitário) e disse que é possível que uma parte dos problemas se deva ao fato de termos procedido a uma grande reforma estrutural no Ministério da Agricultura, que trocou pessoas e atribuições. Por ter se estendido por mais de oito meses, perturbou a própria natureza do serviço de inspeção”.

Segundo o ministro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva autorizou a restauração plena do orçamento para o setor, que teve corte de 80% devido ao ajuste fiscal linear feito pelo governo. Rodrigues, que batalhou sem sucesso para ter a dotação aprovada antes de sua viagem a Washington, disse esperar que ela ocorra na reunião do Conselho do Orçamento marcada para segunda-feira. A liberação do dinheiro permitirá a contratação de 100 inspetores qualificados, de nível superior, para o serviço de inspeção.

Esta foi a segunda vez que Rodrigues e Johanns tratam do assunto. A primeira aconteceu em uma reunião internacional em Cartagena, Colômbia, depois que a comissão de inspetores que visitava o país informou Washington sobre os problemas encontrados no sistema de defesa sanitária de lá. Em jogo está não só a renovação do certificado sanitário que permite a exportação de carne industrializada para os EUA como a aprovação futura da entrada de carne in natura, hoje proibida.

Embora o chanceler Celso Amorim tenha enviado carta à secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, sobre o assunto, num gesto político semelhante ao que a própria Rice fez recentemente em Tóquio para reabrir o mercado japonês às exportações de carne americana, fechado por causa de suspeitas de “vaca louca” nos EUA, prevalece no governo brasileiro a avaliação de que os inspetores americanos agiram de maneira profissional e que as falhas efetivamente existem e devem ser corrigidas, não só por causa das exportações, mas pela segurança alimentar dos brasileiros.

Na terça-feira, o subsecretário do USDA, J.B. Penn, disse que “o processo regulatório está avançando de uma forma que consideramos expedita para chegar ao ponto em que a carne brasileira, tanto processada quanto fresca, possam entrar no mercado americano”. O funcionário disse que o processo de inspeção sanitária de frigoríficos, laboratórios e outras instalações nos países exportadores “tem base científica e é feito de maneira aberta e transparente”.

Rodrigues espera que a solução já esteja bem encaminhada quando funcionários dos ministérios dos dois países reunirem-se na Comissão de Consultas sobre Agricultura, em maio.

Ele discutiu outras prioridades da política agrícola brasileira com Johanns, como o desenvolvimento e ampliação do mercado para combustíveis renováveis de bioenergia.

Fonte: O Estado de S.Paulo (por Paulo Sotero), adaptado por Equipe BeefPoint

0 Comments

  1. Louis Pascal de Geer disse:

    É muito importante frisar que os frigoríficos são ou pelo menos deviam ser os principais responsáveis para que não ocorram falhas, as quais estão pondo em perigo o futuro das exportações.

    Está na hora de assumir isto, investir onde precisa e deixar de se encobrir atrás da manta do governo.

    O ABIEC pode fazer muito neste sentido.