Paradoxos da indústria nacional da carne bovina
26 de abril de 2005
Análise Semanal – 28/04/2005
28 de abril de 2005

Exportação de carne processada aos EUA em xeque

A situação das exportações de carne processada aos EUA está em situação delicada, após a visita de auditoria de técnicos norte-americanos aos frigoríficos brasileiros credenciados a exportação.

Segundo apurado pelo jornal O Valor, na reunião entre os ministros da Agricultura, Roberto Rodrigues e Mike Johanns, na semana passada, em Washington, discutiu-se formas para evitar um embargo total dos EUA à carne bovina industrializada brasileira.

Segundo apurou o Valor, os Estados Unidos têm pressa e pediram resposta imediata a três pontos: um plano concreto para melhorar o “auto-controle” sanitário cotidiano das indústrias; mais recursos para treinar e capacitar pessoal especializado; e a contratação urgente de inspetores federais para substituir funcionários indicados por prefeituras e pagos pelos próprios frigoríficos.

Segundo fontes consultadas pelo BeefPoint, os norte-americanos solicitaram um plano de ação do lado brasileiro a ser implementado imediatamente com vistas a sanar as deficiências constatadas durante a visita da missão americana ao Brasil.

Eles terão que aprovar o plano apresentado pelo Brasil. Caso isso ocorra, os EUA irão acompanhar passo-a-passo a implementação e os resultados alcançados. Tudo isso de acordo com calendário apresentado pelo Brasil e aprovado pelo USDA, departamento de agricultura norte-americano.

Segundo fontes consultadas pelo BeefPoint, os norte-americanos se reservam o direito de, a qualquer momento, “delistarem” o Brasil, ou seja, retirar a equivalência sanitária entre Brasil e EUA.

O Brasil pode até perder o direito de exportar carne processada aos EUA e vê se distanciar cada vez mais a possibilidade de exportar carne in natura ainda esse ano.

O tema agora é prioridade no Mapa e uma equipe irá preparar uma resposta às questões levantadas pela auditoria até quinta-feira.

Rodrigues teve uma reunião com a ABIEC, nesta segunda-feira. Os frigoríficos prometeram colaborar. O embaixador do Brasil nos EUA, Roberto Abdenur, promete intensificar o lobby pela via diplomática.

Segundo o Valor, foram descredenciadas as unidades do Friboi, em Andradina (SP); do Pampeano, em Hulha Negra (RS); e do Kerry, em Três Corações (MG). Outras cinco plantas notificadas pela missão dos EUA, que visitou 16 frigoríficos e dez laboratórios de nove estados, foram retiradas da lista de exportadores pelo Mapa.

O Brasil exportou cerca de US$ 200 milhões em carne industrializada aos EUA, em 2004.

Fonte: Equipe BeefPoint

0 Comments

  1. Janete Zerwes disse:

    Bom dia,

    Mais uma vez, comprovo a tese de que a informação é ferramenta fundamental para qualquer tipo de atividade econômica, no caso a pecuária.

    Escandaliza ler que a auditoria americana constata que os agentes que fiscalizam as condições sanitárias de abate dos frigoríficos nacionais são indicados pelas prefeituras e… “pagos pelos frigoríficos”!?

    Este é um procedimento claramente comprometido em termos de lisura e arbitrariedade, que afeta diretamente os interesses dos produtores de carne, pois o ônus advindo das sanções para a exportação da carne, recairá certamente sobre os mesmos.

    Aos frigoríficos caberá a saída, mais uma vez, de determinar os preços de acordo com a lei da oferta e procura, comprando bois pelo menor preço de mercado.

    Segundo o BeefPoint, exportamos US$200 milhões para os EUA no último ano. Se sofrermos mais um corte nas exportações, não sei como irá se sustentar o setor, já bastante prejudicado em termos de preços e comercialização da carne, embora este valor seja apenas parte, do valor de nossas exportações.

    Se o Brasil for retirado da listagem de equivalência sanitária Brasil / EUA, certamente as restrições não se efetivarão somente sobre o comércio entre os dois paises, mas repercutirão sobre a comercialização com outros paises.

    É bom lembrar o caso da vaca louca, e a influência que teve, via EUA sobre as nossas exportações de carne/gado.

    “É muito importante saber como pode ser determinado – nos bastidores do serviço público – o futuro da iniciativa privada, pelas vias do descaso e do desleixo das autoridades a quem delegamos a tarefa de normatizar, organizar e defender os nossos interesses, para que sejamos cada vez mais exigentes nas escolhas de nossos representantes legais, sabendo que esta exigência nasce sempre da informação”.

    Parabéns Beefpoint, por mais uma matéria elucidativa,

    Janete Zerwes – Coordenadora de Assuntos da Agricultura, Pecuária e Tecnologia – Comissão de produtoras Rurais – FAMATO – MT

  2. Ronaldo Alexandre do Nascimento disse:

    Que vergonha da nossa indústria frigorífica.

    O todo poderoso Friboi, principalmente, que teve a audácia de enviar uma carta aos seus fornecedores dizendo que o problema esta da porteira para dentro, e que da porteira para fora eles sabem muito bem o que fazer.

    E agora como explicar este resultado da visita dos norte-americanos?

    A pecuária evoluiu muito nos últimos 15 anos (cruzamento industrial, boi precoce, super precoce, semiconfinamentos, sal proteinado, etc…), e quem usufruiu desta produtividade ganhando rios de dinheiro, só em 2004 comprando 7 plantas frigoríficas e mais a parceria com o Bertin?

    E agora tem uma planta descredenciada? Onde está sua eficiência?