Estatísticas fornecidas pelo Serviço Nacional de Sanidade e Qualidade Agroalimentar (Senasa) da Argentina informando sobre fortes aumentos nas exportações de carne bovina motivaram uma resposta imediata do consórcio Argentine Beef Consortium (ABC) que engloba os principais frigoríficos exportadores do país, que respondeu com uma advertência: as exportações estão declinando.
Por trás desta polêmica se esconde outra controvérsia, relacionada com o impacto das importações sobre os preços no mercado doméstico. Vale destacar que o Governo argentino criticou os frigoríficos pelo não cumprimento com as reduções prometidas nos preços e afirmou que a exportação é a causa deste fenômeno. Além disso, o Governo advertiu que os impostos de exportação serão duplicados, hoje são de 5%, caso o cenário não se modifique.
Segundo o Senasa, a Argentina exportou 130,94 mil toneladas de carne bovina por um valor de US$ 276,59 milhões no primeiro trimestre de 2005, o que representa um aumento de 40% em volume e de 35% em valor com relação ao mesmo período de 2004.
Por outro lado, o ABC disse que as vendas externas de carne bovina caíram 5% no primeiro trimestre de 2005, mas, neste caso, em comparação com o último trimestre de 2004, passando de US$ 267 milhões para US$ 254 milhões.
Com relação ao cálculo do Senasa, o ABC afirma que durante o primeiro trimestre de 2004, as exportações se encontravam em um processo de recomposição devido à crise provocada pela febre aftosa e se manteve em crescimento contínuo até novembro passado, para depois parar e “hoje mostra sinais importantes de retração”.
Segundo o consórcio, o fenômeno se explica pelo forte aumento no preço dos bovinos, que passou de US$ 0,63 o quilo vivo nos primeiros três meses de 2004 para US$ 0,70 no mesmo período de 2005 (+10% em dólares). “Isso fez com que, em um negócio de margens muito pequenas, os lucros se reduzissem a ‘zero’ ou, em alguns casos, com que os frigoríficos trabalhassem em perdas”, disse o ABC.
O problema é que, com a forte competição do Brasil, os preços dos bovinos locais não podem ser convalidados pela indústria argentina exportadora.
Neste marco, o ABC destacou que os frigoríficos estão cumprindo o acordo de preços para abastecer o mercado local. “Os frigoríficos não somente têm cumprido com o compromisso assumido, mas também, hoje em dia, os cinco cortes populares estão sendo comercializados a um preço mais baixo do que o determinado. As baixas registradas nos últimos dias no Mercado de Liniers, somadas às dificuldades nas exportações, têm contribuído positivamente com esta situação. É por isso que o ABC espera que os pontos finais de vendas repassem os preços rapidamente ao consumidor final”.
Fonte: E-campo.com, adaptado por Equipe BeefPoint