Por Emílio Carlos Salani1
Todos que atuam no setor primário têm consciência da importância sócio-econômica da pecuária para o País. Responsável por mais de R$ 65 bilhões em negócios em 2004, essa atividade fantástica tem no controle sanitário um importante ponto de equilíbrio. A sanidade é fundamental para manter o crescimento da oferta de proteínas animais, assegurando a imagem dos produtos brasileiros no exterior.
A necessidade de melhorar o status sanitário dos nossos rebanhos é tema constante das estratégias do governo, dos pleitos das entidades dos produtores, da pauta das associações de classe, especialmente do Sindan. Nesse cenário, ganha destaque o combate à febre aftosa, enfermidade muitas vezes utilizada no exterior para imposição de barreiras sanitárias às carnes brasileiras.
Está declarada guerra à aftosa e muito se tem falado da importância da erradicação dessa doença do Brasil e de todo o continente americano, bem como da responsabilidade dos vários elos da cadeia da pecuária nessa luta, sejam produtores, governo e indústria de insumos. Para tanto, é preciso que o pecuarista entenda com clareza a necessidade de imunizar o rebanho e, principalmente, em como fazê-lo.
A principal ferramenta para erradicar a febre aftosa do País é a vacinação em massa. O Brasil possui o maior parque industrial do mundo, capaz de produzir 500 milhões de doses de vacinas biosseguras contra febre aftosa por ano, com total controle da indústria e dos órgãos governamentais. Um importante agente dessa segurança é a Central de Selagem de Vacinas (CSV), localizada em Vinhedo (SP), criada para apoiar o Programa Nacional de Erradicação da Febre Aftosa (PNEFA).
A Central de Selagem de Vacinas recebe as vacinas produzidas pelos diferentes laboratórios sob a supervisão dos fiscais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), confere os volumes produzidos e aguarda a coleta de amostras. Enquanto as amostras de vacinas são enviadas aos laboratórios de controle oficial do Ministério, os lotes completos permanecem em uma área de quarentena da CSV até que os resultados dos testes sejam apresentados. Os lotes de vacinas aprovados são encaminhados para selagem. Lá, cada frasco recebe selo holográfico de segurança que dá confiabilidade à vacina, permitindo que seja controlada e rastreada até a fazenda. Após a selagem, as vacinas ficam à disposição dos laboratórios para livre comercialização.
Nesse momento, entra em cena a rede de revendedores de produtos veterinários, que tem papel fundamental para garantir a continuidade do processo de qualidade e rastreabilidade das vacinas, bem como o sucesso das campanhas de vacinação contra a febre aftosa. Afinal, trata-se do principal canal de distribuição e comunicação com os criadores.
A prioridade da revenda deve ser a garantia da qualidade da vacinas, com a manutenção do processo de rastreabilidade das mesmas e esclarecimento aos produtores. Para tanto, determinadas ações devem ser seguidas à risca. Uma delas é a conservação da vacina.
É preciso que as revendas comercializem apenas vacinas dentro do prazo de validade e com selo holográfico de garantia e mantenham-nas em ambiente controlado (entre 2o e 8oC). É preciso também disponibilizar seringas, agulhas e caixas de isopor, além de ter geradores ou sistemas alternativos para assegurar a manutenção da temperatura adequada em casos de panes do sistema normal de refrigeração. Além disso, especial atenção deve ser dada aos frascos menores (10 doses) para o abastecimento dos pequenos proprietários rurais.
Também é imprescindível que as revendas tenham documentos fiscais para permitir eventual rastreabilidade da vacina adquirida e comercializada. De seu lado, os produtores devem exigir nota fiscal da compra das vacinas para apresentação aos escritórios das Secretarias Estaduais de Agricultura.
Manter estoque de vacina disponível é outra importante responsabilidade das revendas. A indústria veterinária faz a sua parte e conta com estoque regulador de pelo menos 40 milhões de doses de vacinas de aftosa na Central de Selagem. As revendas precisam ter estoques estratégicos para emergências ou para demandas fora dos períodos de campanhas. No processo de logística, a rede de revendas também pode contar com os centros de apoio à Central de Selagem localizados em São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Maranhão.
O papel das revendas não termina com a venda das vacinas. Elas mantêm sintonia com os veterinários e fiscais dos órgãos governamentais em suas regiões de atuação e, como principal canal de comunicação com os criadores, têm importância vital na extensão rural.
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1Emílio Carlos Salani é médico veterinário e presidente do Conselho de Administração do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (SINDAN)
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O Dr. Emílio Salani, como presidente da entidade maior da indústria de insumos veterinários foi muito feliz na sua colocação sobre a importância das revendas no programa nacional de erradicação da Febre Aftosa, quando mencionou itens que por vezes passam despercebidos pelos pecuaristas, como o bom acondicionamento das vacinas, a orientação correta ao produtor na aplicação do produto.
Hoje a Merial vem auxiliando as principais revendas no Brasil em parceria, promovendo treinamentos de vacinadores e preparando os balconistas para melhor atender o pecuarista e conscientizá-lo.
Proprietários de revendas, balconistas, pecuaristas, capatazes e peões bem orientados são elos importantíssimos que contribuem para o efetivo resultado na erradicação da febre aftosa no Brasil.
Paulo Colla
Ger. Contas Especiais Pecuaristas
Merial Saúde Animal