A exportação de gado vivo ainda está no centro da controvérsia no Uruguai. O Instituto Nacional de Carnes (INAC) deu a cada um dos membros do conselho de administração um “resumo conceitual” dos relatórios apresentados pelos vários sindicatos sobre a exportação de gado vivo, mais as considerações de cada um dos representantes do Poder Executivo, confirmou o presidente do órgão, Federico Stanham.
Com este documento, que “é interno mas não secreto ou clandestino, procura-se cumprir uma obrigação, que envolve os diferentes atores da cadeia da carne, de analisar uma política bem sucedida, que todos valorizam e ninguém diz que deve mudar, mas estruturalmente apresenta algumas mudanças em comparação com as esperadas”, disse Stanham.
Ele explicou que esses movimentos estruturais estão associados ao aumento significativo no número de animais jovens negociados em pé, com o impacto na composição do rebanho e no fornecimento de gado para abate. Por essa razão, Stanham considerou que “é nossa obrigação analisá-lo, considerá-lo e ver como ele afeta o que devemos administrar. Queremos esclarecer a questão e assumir que estamos diante de um novo cenário”.
Ele enfatizou a necessidade de projetar o que acontecerá com a estrutura do rebanho se mais animais forem removidos e se a maneira pela qual eles são extraídos for modificada.
“Devemos analisar e entender o futuro para adaptar o que é necessário em termos desses aspectos. Queremos dramatizar a discussão, do INAC não haverá opinião com uma recomendação sobre uma mudança de política, mas vamos trabalhar para contemplar as mudanças”, afirmou Stanham.
A política de exportação de gado vivo “é definida pelo governo, sob a responsabilidade do Ministério da Pecuária, Agricultura e Pesca, e o ministro Enzo Benech foi muito claro em suas declarações sobre o que ele acha dessa ferramenta de negócios.”
Ele considerou que “temos a responsabilidade de analisar o negócio de carnes e a comercialização de animais em pé é uma variável que o torna necessário”, disse Stanham.
A análise da exportação de gado vivo foi instalada no conselho de administração do INAC durante várias semanas e sempre foi motivo de discussão entre industriais e produtores.
Dados
Segundo dados do Departamento de Comércio Exterior do Ministério da Pecuária, Agricultura e Pesca, no ano pecuário de 2017/18 o Uruguai exportou 450.970 bovinos, onde 84% eram bezerros inteiros destinados à Turquia.
No primeiro semestre de 2018, 220.675 cabeças de bovinos surgiram, mas esse número ainda está longe das 332.320 cabeças que marcaram o recorde de embarques em 2017, onde esta alternativa produtiva era muito ativa.
Por outro lado, no ano fiscal de 2017/18 foi registrada a maior taxa de extração dos últimos oito anos, segundo a consultoria Apeo. A consultoria também argumentou que outra maneira de medir essa taxa mais alta de extração é que, a partir de junho de 2018, estamos chegando com a menor quantidade de gado para engorda em comparação com dados de dezembro, com um percentual de 62%.
Vale lembrar que, de acordo com os resultados da consultoria Tardáguila Agromercados, a pecuária uruguaia faturou US $ 1,950 bilhão ao final do ano agrícola 2016/17. Desse total, US $ 1,77 bilhão correspondem a vendas para indústrias e US $ 180 milhões para exportação de gado vivo. A exportação em pé representa apenas 9,23% da receita total da atividade pecuária. No ano civil de 2016, fecharam perto de 300.000 cabeças.
Fonte: El País, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.