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Marfrig reorganiza operação, muda CEO e busca ‘excelência’

A Marfrig Global Foods, segunda maior empresa de carne bovina do mundo, anunciou no início da noite de ontem uma ampla reorganização, que inclui a mudança de seu CEO, no âmbito de um novo “mandato” que privilegiará a “excelência operacional” de seus negócios em detrimento da redução da alavancagem, feito aparentemente consolidado após a recente venda da subsidiária americana Keystone.

Em comunicado enviado à comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Marfrig informou que Eduardo Miron, que atualmente é vice-presidente de Finanças e Relações com Investidores, assumirá o cargo de CEO em substituição ao uruguaio Martin Secco, que deixará a empresa brasileira, e se reportará diretamente a Marcos Molina, presidente do conselho e controlador da companhia. Marco Spada, diretor de Tesouraria, será o novo VP de Finanças e RI, mas parte das funções até agora sob a responsabilidade de Miron ficará a cargo do atual controller global Fábio Vasconcellos, alçado ao posto de vice-presidente de Planejamento e Gestão.

No front operacional, Miron conduzirá uma Marfrig mais claramente dividida entre suas duas grandes áreas de atuação: América do Sul e América do Norte. O lado de baixo do tabuleiro, que envolve Brasil, Argentina, Uruguai e Chile, será presidido por Miguel Gularte, que já ocupou posições importantes nas rivais JBS e Minerva; no lado de cima, que reúne as operações nos EUA, a presidência será de Tim Klein, CEO da americana National Beef, controlada pela multinacional brasileira desde junho passado.

Segundo fontes próximas à Marfrig, as mudanças têm como objetivos a perseguição de sinergias depois de fechadas transações de peso nos EUA, e a busca de “excelência operacional” em todas as frentes de atuação. Missão maior de Miron, essa busca de excelência se tornou “prioridade zero” após a queda do índice de alavancagem, que era o principal desafio de Martin Secco, CEO da empresa brasileira por cerca de quatro anos.

“Queremos ser uma empresa reconhecidamente sustentável na forma como conduzimos as finanças, no retorno oferecido a acionistas e investidores, nas relações com pecuaristas, funcionários, clientes e consumidores”, afirma Miron em um comunicado no qual Marcos Molina “reforça o compromisso com uma Marfrig sustentável operacional e financeiramente”.

Como informou o Valor, a queda do índice de alavancagem (relação entre dívida líquida e Ebitda em 12 meses) se tornou possível depois da venda da subsidiária Keystone, concentrada em carne de frango e que tem como principal cliente a rede McDonald’s, à também americana Tyson Foods, por US$ 2,4 bilhões. Com o negócio, o índice de alavancagem deverá diminuir de 4,2 vezes para 2,6 vezes. Até o fim deste ano, o objetivo é chegar a 2,5 vezes.

Sem Keystone – a Marfrig permaneceu com uma fábrica de hambúrguer bovino nos EUA que era da subsidiária e fatura mais de R$ 1 bilhão por ano, que agora está sob o guarda-chuva América do Sul -, mas com National Beef, o faturamento total da Marfrig deverá alcançar cerca de R$ 40 bilhões por ano, mais que a BRF e, na área de carnes, abaixo apenas da JBS.

No segundo trimestre, a receita líquida da companhia foi de R$ 5,1 bilhões, um aumento de 135% ante os R$ 2,1 bilhões de igual período de 2017. Mas a Marfrig registrou prejuízo líquido de R$ 582 milhões, um incremento de 122% na comparação, sobretudo em virtude do impacto da valorização do dólar em relação ao real sobre juros e dívida, e pelo ainda elevado patamar das despesas financeiras, que agora tendem a cair.

Com o foco na “excelência operacional”, dizem fontes, a empresa também espera uma melhora da percepção dos investidores em relação a seu valor de mercado, internamente considerado baixo e aquém do potencial.

Fonte: Valor Econômico.

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