Impulsionadas pelas perspectivas positivas para os negócios nos Estados Unidos e no Brasil, as ações da Marfrig Global Foods, segunda maior produtora de carne bovina do mundo, registraram forte valorização nesta semana.
Desde segunda-feira, os papéis subiram 9%, enquanto o Ibovespa teve alta de 0,2%. A empresa ganhou cerca de R$ 300 milhões em valor de mercado no período, encerrando a semana avaliada em R$ 3,9 bilhões.
Nesta sexta-feira, os papéis da Marfrig registraram a maior alta do Ibovespa, subindo 5,26% e fechando o pregão a R$ R$ 6,40 na B3. O índice subiu 0,48%.
A recuperação das ações da Marfrig está amparada em recentes relatórios de analistas. Ontem, o Itaú BBA elevou o preço-alvo para os papéis da companhia em 11%, de R$ 6,30 para R$ 7,00.
No relatório, o trio de analistas Antonio Barreto, Thomas Budoya e Gustavo Troyano, do Itaú BBA, alterou a recomendação para as ações da Marfrig, de “underperform” (equivalente a recomendar a venda das ações) para “market perform” (equivalente a recomendar a manutenção dos papéis).
Na segunda-feira, o analista Alexanxer Robarts, do Citi, também divulgou relatório positivo sobre a Marfrig. Após se reunir com o presidente- executivo e o diretor de finanças do frigorífico, o analista enfatizou o ciclo positivo da pecuária nos Estados Unidos e no Brasil, bem como o crescimento da produção de hambúrguer da empresa.
Recentemente, a Marfrig adquiriu a argentina Quickfood, que é líder em hambúrguer no país sul-americano, e a fábrica de que a BRF possuía em Várzea Grande (MT). Com isso, a companhia vislumbra se tornar a maior produtora de hambúrguer no mundo. Nos EUA, Marfrig é uma das maiores fornecedoras para o McDonald’s.
“A produção de hambúrguer é chave para a estratégia da Marfrig de maximizar a utilização das partes do gado e melhorar a estabilidade das margens”, apontou Robarts, no relatório.
Com a produção de hambúrguer no Brasil, a Marfrig deve ter um destino mais rentável para os cortes do dianteiro bovino. Tradicionalmente, os cortes do traseiro bovino os são mais consumidos no país.
Ressalvas
Apesar da revisão positiva feita em seu último relatório sobre a Marfrig, o Itaú BBA fez uma advertência aos investidores. As ações da Marfrig são muito instáveis.
Segundo os analistas do banco, a linha do balanço da empresa que considera “outras despesas financeiras” tem sido um motivo de “grande incerteza”.
Para 2019, o banco estimou que essas despesas ficarão próximas de R$ 800 milhões, cerca de R$ 200 milhões abaixo da média dos últimos três anos.
O problema é que, como a direção da Marfrig não detalha quais são essas despesas, um aumento substancial não é improvável. Se isso acontecer, as ações poderão ser fortemente afetadas.
Pelas estimativas do Itaú BBA, uma mudança de 10% na estimativa para as outras despesas financeiras implicaria uma mudança significativa de R$ 2,20 no preço-alvo das ações da Marfrig.
O Itaú BBA também citou dúvidas sobre a margem de longo prazo do negócios de carne bovina nos EUA. A Marfrig ingressou na indústria americana de carne bovina no ano passado, com a aquisição da National Beef, quarto maior frigorífico americano.
Se o consumo de capital de giro da National Beef oscilar da mesma forma como o negócio de carne bovina da JBS nos Estados Unidos, isso poderá significar uma volatilidade de cerca de 15% do valor de mercado da Marfrig, avaliou o Itaú BBA.
Fonte: Valor Econômico.