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Análise semanal – 27/07/2005

Sem novidades no mercado que, de maneira geral, segue mais frouxo do que firme. Em São Paulo já tem frigorífico querendo impor R$51,00/@, a prazo, para descontar o funrural, pelo boi rastreado.

Na verdade, São Paulo tem pouco boi. Os grandes frigoríficos do Estado estão comprando principalmente em praças vizinhas, como Mato Grosso do Sul e Triângulo Mineiro, não se preocupando muito com os preços internos.

Em média, as programações de abate atendem 7 ou 8 dias. Portanto, pode-se considerar que estão longas para a época. As vendas internas de fraca permanecem fracas, assim como as dos subprodutos. Diante desse cenário, não existem perspectivas de recuperação nas cotações da arroba, ao menos para o curto prazo.

E no médio prazo? O alento pode vir, quem diria, da crise política.

Na segunda-feira o mercado foi surpreendido com uma significativa valorização do dólar, algo em torno de 2,67%. A cotação fechou em R$2,462, maior valor desde 10 de junho.

As sinalizações do Fed (Banco Central dos EUA) de que os juros irão subir, além da decisão da China de valorizar sua moeda, contribuíram para o movimento. Mas é principalmente a crise política brasileira – que gera maior aversão ao risco, e eleva a busca por “verdinhas” – a responsável pela valorização de 5,3% do dólar entre os dias 18 e 25 de julho.

Em recente entrevista ao jornal Folha de São Paulo o economista Celso Toledo, da MCM Consultores, disse acreditar que a conjuntura política atual deve elevar ainda mais o câmbio no longo prazo.

E quais os possíveis reflexos para a pecuária?

A cotação da arroba, principalmente em função do aumento das exportações, está atrelada ao dólar, como pode ser observado na figura abaixo.


Portanto, se o dólar reagisse de forma consistente, o cenário se tornaria mais favorável à uma recuperação dos preços do boi. Mas é lógico que é preciso considerar também a influência de outros fatores, como o nível de oferta de animais para abate.

Por fim, além da desvalorização do real, o mercado acredita que a crise pode favorecer a manutenção dos juros em patamares elevados, sendo que alguns economistas já apregoam alta. Nesse caso, é ruim para o comércio. Diminui o consumo de praticamente tudo, inclusive de carne bovina.

0 Comments

  1. leonardo leite de barros disse:

    Caro articulista

    Tenho a nítida impressão que qualquer tentativa de avaliar a atual crise do setor é pura adivinhação.

    Não existe nenhum dado estatístico confiável que possibilite tal exercício, tanto isto é verdade que se lermos as análises feitas pelos “entendidos” no assunto alguns meses atrás, veremos a completa dissonância entre o que foi previsto e a realidade.

    Tudo pode acontecer, até uma cotação recorde para o boi nessa entressafra.

    Hoje, quem disser que está vendo uma tendência no mercado da carne, em função dos dados… Não dá para acreditar, é pura adivinhação.

    Leonardo Leite de Barros