A alta dos preços do petróleo garante a expansão das exportações de carne bovina, segundo análise da Abiec. São os países que mais produzem e exportam petróleo que estão ampliando suas compras de carne brasileira, numa clara indicação de que os lucros obtidos com a valorização explosiva dos preços estão sendo revertidos ao consumo de alimentos.
Segundo o presidente da Abiec, Marcus Vinicius Pratini de Moraes, até julho deste ano, as exportações de carne para a Venezuela cresceram 843% e para a Rússia 138,3%. Outras regiões tiveram participação expressiva nos embarques de carne brasileira. Oriente Médio comprou 12% do total das exportações brasileiras e a África, 11%. “Quanto mais sobe o preço do petróleo, melhor para os pecuaristas brasileiros”, disse.
A manutenção desse quadro, de acordo com Pratini, depende da organização dos pecuaristas. A comprovação da sanidade animal é instrumento indispensável para manter os mercados atuais e para a conquista de novos, especialmente de países desenvolvidos que prestigiam os direitos dos consumidores, afirmou aos pecuaristas que participam do Agri Fórum, que se realiza na Ilha de Comandatuba. A estratégia, na sua opinião, inclui cumprir com rigor as regras para a rastreabilidade dos rebanhos e reforçar os trabalhos de marketing.
Ceticismo
As recomendações feitas por Pratini foram recebidas com ceticismo por alguns pecuaristas. “O projeto de promover o rastreamento de todo o rebanho nacional, proposto quando ele era ministro da Agricultura, pode esbarrar nas práticas pouco ortodoxas de parte significativa dos produtores brasileiros”, afirmou a pecuarista Ana Beatriz Nantes, de Mato Grosso do Sul, proprietária de um rebanho de 9,2 mil cabeças de gado.
Muitos pecuaristas não têm interesse em revelar as dimensões de seus rebanhos já que teriam de comprovar a origem dos recursos aplicados na formação dos rebanhos. “Pecuária muitas vezes é utilizada para esconder a origem do dinheiro e é totalmente contabilizada no caixa dois. O rastreamento pode evidenciar essas práticas”, declarou. Para ela, esse é um dos motivos da rastreabilidade não prosperar no Brasil.
Não tem sido fácil para ela negociar gado rastreado. As vendas têm um pequeno ágio, mas nunca são pagas à vista e sim, em um prazo mínimo de 30 dias. “Se preciso do dinheiro para alguma emergência tenho de vender meu gado como se não fosse rastreado”, diz.
Com isso, perde-se todo o investimento, que, segundo informa, não é pequeno. “Pagamos uma taxa anual para a empresa habilitada e outra referente ao animal que está sendo acompanhado”. Mesmo assim, a pecuarista prefere manter suas contas em ordem.
Fonte: Gazeta Mercantil (por Isabel Dias de Aguiar), adaptado por Equipe BeefPoint
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Com todo respeito, eu tenho que questionar a seriedade do Sr. Marcus Vinicius Pratini de Moraes, quando em um ar de quem conta vantagem diz: “Quanto mais sobe o preço de petróleo, melhor para as pecuaristas brasileiros.”
Com este raciocínio, senhor Pratini, o senhor ofende a inteligência dos pecuaristas.
Ora, todo mundo sabe, Sr. Pratini, quando no Brasil sobe o petróleo, tudo sobe, como sais minerais, rações, transporte de gado, reforma de pastos, graças ao repasse do aumento do combustível.
Sr. Pratini, enquanto o petróleo já subiu mais de 50% este ano no exterior e nosso exportações de carne bovina subiram mais do que 30% novamente, e o preço de boi gordo, Sr. Pratini?
Onde está? O senhor sabe e não quer contar?
Deixa, então, eu informar o preço em Goiás onde vendo gado: R$48,00 a arroba de boi gordo, 20% a menos este ano, sem contar a inflação. Será que o cartel dos frigoríficos está atrás disso?
Gordon Lee Hartstein
Paranaiguara, Goias
São boas notícias para o setor pecuarista, mas convém alertar os produtores de que isto não é uma situação para se manter a longo prazo…
A tendência dos produtores será de aumentar a sua produção e como tal o tamanho de seu efetivo, o que é normal. O alerta fica que esse crescimento do efetivo pecuário na exploração deve ser feito com consciência de vários fatores:
1- Lei de mercado: aumento oferta, diminuição dos preços, logo produtor tem de estar preparado para uma eventual descida do preço da carne.
2- Protocolo do Quioto: o aumento de preço dos combustíveis fósseis está ligado não só a diminuição das reservas petróleo, mas também ao aparecimento de combustíveis alternativos (biológicos) que até 2010 se prevê que atinjam uma quota mínima de consumo.
3- Brasil potencial produtor de combustíveis alternativos: o Brasil é atualmente produtor de combustíveis alternativos, em especial do álcool, mas tenderá a aumentar essa quota, visto que o álcool é mais barato do que os derivados de petróleo. Veja-se o esforço das marcas automóveis para fazer novos motores a álcool. Além disso, surge a produção de mamona para produção de bio-diesel.
Só por estas razões, embora possa haver outras que momento desconheço ou não me lembro, deixo alerta aos produtores pecuários e a todos os restantes elementos ligados ao setor.
Quanto a brincagem e identificação dos bovinos é uma luta que irá durar mais algum tempo com certeza, mas que certamente irá acabar por ser implantada, pois deve ser vista como uma forma do produtor crescer de forma organizada, possibilitando a conquista de outros mercados dispostos a valorizar mais a carne.
Fica a minha sugestão, obrigado.
Eu também não concordo com a opinião do Sr. Pratini, acho um equivoco ele fazer um comentário desses no momento em que a pecuária brasileira esta passando por dificuldades, quando todos os dias você vê nos meios de comunicações preço de barril de petróleo em alta, no entanto o preço da arroba em baixa.
O preço da arroba não teve valorização nos últimos três anos, só de janeiro até agosto desvalorizou cerca de 17%, não sei qual é a relação do Sr. Pratini com os produtores.
Minha relação com produtores da região do sul de Goiás é diária. Nunca presenciei tanta dificuldade, é geral a reclamação dificuldade para honrar compromissos, sem margem de lucros, sem perspectivas de melhoras de preço da arroba a curto prazo.
Alguns fazem os seguintes comentários “se não melhorar o ano que vem, não sabe o que vai fazer”.