Diversificar tornou-se a palavra de ordem no campo. Quem garante é o diretor da Sociedade Rural de Maringá (PR) e pecuarista, Otávio Chaves Filho, o Cambará. Ele conta que, não faz muito tempo, pecuarista era pecuarista e fim de papo. Hoje, no entanto, em função das flutuações do mercado que ora jogam o preço do boi gordo nas esferas, ora o derrubam ao nível da sola da bota do pecuarista, muitos estão percebendo que a melhor estratégia de sobrevivência no meio rural é integrar a lavoura com a bovinocultura.
Ainda é pequeno o número de produtores que intercalam as atividades. Seriam cerca de 30% no noroeste do Paraná, mas quem fez esta opção vem obtendo bons resultados, pois o método é simples. Na verdade, trata-se de assumir uma filosofia empresarial na produção. “Tudo começou quando o pecuarista passou a tratar a pastagem com cabeça de agricultor. Passou a vê-la como se fosse uma área de lavoura, isto é, fazendo adubação e correção do solo”, explica Cambará. Segundo ele, esta prática vem sendo adotada na região há mais ou menos cinco, seis anos.
Na opinião do produtor rural, foi neste momento que surgiu, de fato, a figura do agropecuarista, nova visão que tem conseguido otimizar a produção rural. “Se o Brasil parasse a produção bovina hoje, ainda teríamos boi para vender durante quatro ou cinco anos”, garante Cambará. Este “estoque” acaba sendo a única garantia do pecuarista. “A soja e o milho são perecíveis e, se você não tiver silos para estocar, terá que vender a produção pelo preço praticado na hora da colheita. Já no caso do boi, você pode mantê-lo no pasto e esperar por um preço melhor”, raciocina.
Além disso, ele vê outras vantagens na integração lavoura-pecuária. “A pastagem adubada e corrigida é valorizada, pois deixa de ser uma terra improdutiva e passa a ser considerada produtiva”, argumenta.
Cambará ressalta que, durante o verão, o agropecuarista pode cultivar aveia, por exemplo, que será utilizada na alimentação do boi durante o inverno no sistema de confinamento. “As próprias culturas de verão, como soja e milho, fornecem subprodutos utilizados na alimentação bovina. É o caso da quirera de milho e a casquinha de soja”, cita.
Fonte: Diário de Maringá/PR (por Mario Fragoso), adaptado por Equipe BeefPoint