O relatório do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) disponibilizado ao governo brasileiro na última quinta-feira (31), pedindo mais informações sobre a carne bovina brasileira, frustrou representantes do governo que não esperavam a manutenção do veto ao produto. A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, demonstrou decepção com a negativa dos Estados Unidos e afirmou que vai avaliar a necessidade de pedir uma reunião para tratar do assunto com o secretário de Agricultura americano, Sonny Perdue, em viagem que fará aos EUA no dia 17.
A carne bovina in natura do Brasil está barrada nos EUA há mais de dois anos, em razão da detecção de carregamentos do produto com abscessos (inflamações).
O CEO do Grupo VMX, Carlos Cesar Floriano, afirma que os processos produtivos nacionais seguem normas rígidas de segurança alimentar e bem-estar animal. “Esse veto não se justifica em razão da qualidade do produto brasileiro. Acredito que a alta competitividade brasileira pode influenciar nesse processo”, avalia.
Apoio ao Governo
A Associação dos Criadores de Gado de Mato Grosso (Acrimat) manifestou apoio a decisão do governo de continuar as negociações com os Estados Unidos.
Segundo comunicado da Acrimat, as exportações de carne bovina in natura totalizaram 160,1 mil toneladas em outubro, atingindo o recorde mensal anterior, de 150,7 mil toneladas registrado em setembro de 2018, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
“Dados como este e ações como a promovida recentemente no Egito pela Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e parceiros mostram a excelência do produto brasileiro, que nos permitem atender aos padrões de cerca de 160 países com os mais diferentes níveis de exigências”, conclui a associação.
PIB do Agronegócio cresceu 0,53% no 1º semestre de 2019
O País começa a dar sinais que está saindo de um processo recesso com as notícias da movimentação econômica do primeiro semestre. O Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio brasileiro, calculado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e com a Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz (Fealq), apresentou redução de 0,8% em junho. Ainda assim, no acumulado do ano (de janeiro a junho), o resultado se manteve positivo, com alta de 0,53%.
Para Carlos Cesar Floriano o cenário é otimista. “Acreditamos que o agronegócio tem muito a crescer. O cenário de novos investimentos começa a ser promissor”, avalia.
Em junho, a retração no PIB do agronegócio refletiu as quedas para os segmentos primário (-0,55%), agroindustrial (-0,86%) e de agrosserviços (-1,03%). Já o segmento de insumos, seguindo a tendência observada desde o início do ano, manteve crescimento em junho, de 0,23%. No acumulado do primeiro semestre, insumos (7,26%), agroindústria (1,26%) e agrosserviços (0,65%) cresceram, mas o segmento primário recuou (-2,04%). “Pretendemos manter os investimentos do grupo em andamento visando uma retomada da economia”, acrescenta.
Com relação ao ramo pecuário, houve redução de 0,93% em junho. No mês, houve alta para o segmento primário (0,83%), mas reduções para os demais segmentos, de 0,80% para insumos, de 1,83% para a agroindústria e de 1,72% para os agrosserviços. Já no acumulado de janeiro a junho, o ramo pecuário registrou alta importante de 4,65%, com crescimento para todos os segmentos e destaque para o primário (10%). Para insumos, agroindústria e agrosserviços, as elevações no período foram de 3,32%, 1,99% e 2,66%, respectivamente.
No caso do segmento primário da pecuária, preços altos vêm sendo alcançados em 2019, com elevações importantes principalmente para frango, suínos e leite. Esse cenário, aliado a um aumento também da produção, explica o crescimento do PIB, mesmo diante de aumento dos custos de produção.
Fonte: VEJA.