A falta de boi gordo em volume suficiente para atender a demanda e a retomada das exportações brasileiras de carne têm elevado o preço da arroba no mercado físico. Nesta quarta-feira (28) o indicador de preços da Esalq/BM&F estava em R$ 50,70 por arroba, acumulando alta de 10% neste mês de agosto. No Paraná, os frigoríficos pagam R$ 50,00 pela arroba, enquanto em São Paulo, grande consumidor de carne de outros estados, o valor varia de R$ 51,00 a R$ 52,00.
A expectativa é de que o mercado continue aquecido, com preços em alta. De acordo com o operador de commodities da Corretora Spinelli, de São Paulo, Sílvio Alface Neto, o mercado futuro também está registrando ganhos consecutivos. Os contratos do boi gordo negociados na BM&F com vencimento em outubro, por exemplo, fecharam no pregão de ontem a R$ 54,35 a arroba. Para novembro o valor ficou em R$ 53,60, mesmo dos contratos com fixação em dezembro.
De acordo com o corretor, o mercado físico tem se mantido aquecido porque a carne está sendo muito procurada para exportação, especialmente porque cresce na Europa a preferência pelo produto brasileiro. Em função disso, a expectativa em relação aos preços futuros aumenta.
O analista da Scot Consultoria de Bebedouro (SP), Fabiano Ribeiro Tito Rosa, conta que as indústrias do Paraná estão em situação melhor que as do resto do país. Ele explica que os frigoríficos paranaenses estão trabalhando com um pouco de folga, pois compram animais para abater com até cinco dias de antecedência, frente à escala média de dois a três dias das outras regiões.
Na avaliação do analista, o mercado de boi gordo é firme, com tendência de alta, principalmente por causa das vendas externas, que mantêm o setor atacadista aquecido, apesar da retração do consumo no mercado interno. Tito Rosa esclarece que, com a redução na oferta de boi, os frigoríficos estão adquirindo carne dos atacadistas para cumprir seus compromissos com os compradores externos, o que acaba mexendo com todo o mercado do boi.
E os fatos lhe dão razão: as exportações brasileiras de carne bovina estão em um crescendo, graças ao dólar sobrevalorizado em relação ao real. De acordo com os números da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), em julho foram embarcadas 14,53 mil toneladas de carne industrializada, correspondendo a um volume 30,2% maior que o do mesmo período de 2001, ao passo que a exportação de carne in natura, que somou 36,5 mil toneladas, cresceu 24,2%.
Confinamento
Os compradores, apesar de toda pressão, estão usando algumas estratégias para driblar a falta de animais prontos e reduzir a demanda, evitando novas altas de preços. Isto faz com que haja quem discorde do cenário de valorização das cotações a curto prazo.
Muitas indústrias, principalmente as que atuam somente no mercado interno e não têm o suporte do câmbio para fechar as contas, estão escalonando os abates, comprando menos bois e adequando suas necessidades à oferta atual. Esta postura visa esfriar a demanda e também aquecer o atacado.
Além disso, em setembro devem começar a entrar no mercado os bois criados em confinamento, o que pode elevar a oferta disponível e conter os preços da arroba.
Fonte: Gazeta do Povo/PR, adaptado por Equipe BeefPoint