Canal aberto entre Mercosul e União Européia

Os produtores do Mercosul vão abrir um canal de negociação direto com os agropecuaristas da União Européia para derrubar o protecionismo agrícola. Uma reunião entre os representantes dos dois blocos econômicos deve ocorrer em novembro, em Bruxelas. Nos próximos dias, uma comissão do Mercosul vai à Europa para discutir a pauta de negociação. A intenção é pressionar os governos para o livre comércio.

O primeiro item de discussão será o complexo carne. Hoje, o Mercosul exporta 1,5 milhão de toneladas de carne bovina para aquele mercado e, segundo estimativas da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), as indústrias nacionais teriam, em um momento breve, um potencial de exportação de cinco milhões de toneladas. Para isso, precisam ser discutidos protecionismos, como as barreiras tarifárias e também sanitárias.

“Eles são auto-suficientes em carne, mas perderam mercado por causa da “vaca louca” e o nosso produto tem garantia de sanidade”, afirmou o presidente da Federação das Associações Rurais do Mercosul (Farm) Antônio Carlos de Salvo. Por isso, uma das reivindicações do Mercosul seria o aumento da cota Hilton que, para o Brasil hoje, é de cinco mil toneladas. Salvo diz que se a União Européia quer continuar com o protecionismo, que seja um subsídio ao agricultor, não ao produto.

Pelo levantamento da CNA, a União Européia taxa a carne extra-cota em US$ 1,5 mil e o corned beef em 22,9%. Em uma segunda etapa, os produtores vão discutir a abertura para café, frutas e açúcar. Este último considerado difícil, pois hoje o Brasil consegue um preço equivalente a um terço do custo de produção do europeu.

Reunião

A idéia da negociação entre os dois blocos partiu do Comitê das Organizações Profissionais Agrárias (Copa), que reúne os produtores europeus. O Copa convidou membros da Farm para uma conversa no dia 09 de novembro. Em contrapartida, os representantes da Farm, que estiveram reunidos no último final de semana em Esteio (RS), durante a Expointer, decidiram enviar uma missão à Europa nos próximos 15 dias para discutir o assunto da pauta. “Só iremos conversar em novembro se eles se mostrarem dispostos a negociar”, afirmou Salvo.

Fonte: Gazeta Mercantil (por Neila Baldi), adaptado por Equipe BeefPoint