As restrições impostas pela União Européia para a entrada de carne bovina nos 15 países da região, a partir de ontem (02), podem ter efeitos negativos sobre o desempenho das exportações do setor caso os frigoríficos exportadores não aceitem dividir os custos de certificação de origem dos animais com os pecuaristas. “Se não houver essa divisão, o País corre o risco de exportar menos”, alerta o presidente do Fórum Nacional Permanente da Pecuária de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Antenor Nogueira. “Se os frigoríficos pagarem um plus, eles não darão conta de abater os bois que nós podemos ofertar”, garante.
Os frigoríficos exportadores somente receberão certificação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) se cumprirem as normas do Sistema de Identificação e Certificação de Origem Bovina e Bubalina (Sisbov). Na prática, só poderá ser vendida carne de animais identificados e certificados pelo Sisbov. Hoje, os frigoríficos são certificados também com base na Guia de Transporte de Animal (GTA). A coexistência desse dois sistemas acabará, segundo decisão tomada no último dia 06 de agosto por representantes do governo e do setor, reunidos na Comissão de Coordenação do Sisbov.
O impasse na divisão dos custos de certificação e a entrada em vigor das novas regras podem, de fato, prejudicar as exportações que, em 2001, totalizaram US$ 1,026 bilhão. No acumulado de janeiro a julho deste ano, o setor exportou US$ 578,7 milhões, resultado 15% superior ao registrado em igual período do ano passado. Em volume, o País embarcou 22% a mais que em 2001, somando 492 mil toneladas. Em julho, houve um aumento de 12% nas vendas, totalizando a US$ 91 milhões e 50 mil toneladas (27%).
No primeiro trimestre, as vendas haviam sido ainda melhores, atingindo US$ 254,4 milhões, o que representa um desempenho 40,9% superior a 2001. No segundo trimestre deste ano, porém, as vendas externas caíram 3,9% na comparação com 2001, chegando a US$ 232,7 milhões.
A queda nas vendas de carne bovina no segundo trimestre deve-se a dois fatores principais. Primeiro, em razão da forte concorrência da carne argentina que, aos poucos, começa a retomar sua participação no mercado mundial, principalmente devido ao aumento da sua cota Hilton para 38 mil toneladas/ano na Europa. Depois, porque houve uma queda de 6% nos preços médios de exportação da carne bovina, influenciada por essa volta da carne argentina e pela forte desvalorização do real frente ao dólar, já que os importadores tendem a puxar para baixo os preços, com o objetivo de apropriar-se de parte dos ganhos gerados pela desvalorização cambial.
Fonte: Departamento de Comunicação da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), adaptado por Equipe BeefPoint