A deflação mais fraca nos preços dos alimentos (de -1,19% para -1,03%) está sendo influenciada pelo atual movimento de alta nos preços das carnes, segundo o economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV), André Braz.
Ele informou que, no Índice de Preços ao Consumidor – Semanal (IPC-S) de até 30 de setembro, houve acelerações de preços em frango inteiro (de 2,62% para 3,79%); carnes bovinas (de -0,35% para +0,02%); e pescados (de 0,65% para 1,02%). Além disso, houve deflação mais fraca nos preços de carnes suínas (de -0,29% para -0,11%), que normalmente acompanha o movimento de preços das carnes bovinas.
O economista comentou que o setor de carnes tem tido bons resultados em exportação, o que contribuiu para elevar o nível de abate. Isso pode estar afetando a oferta para o mercado interno, o que deve elevar os preços no setor. Braz comentou que, diferente de apurações anteriores, há um grande “espalhamento” de deflações mais fracas e acelerações de preços nos alimentos, no IPC-S de até 30 de setembro.
Dos 21 itens alimentícios, 15 estão com os preços acelerando, ante os resultados do IPC-S anterior. Para Braz, este cenário pode estar delineando o início do fim da deflação nos preços dos alimentos no varejo.
Região Sul
O aumento de 4,42% no preço da carne, ocorrido no comércio varejista, interrompeu o processo de deflação da cesta básica de Curitiba (PR). Após três meses seguidos de queda com uma redução de 11,6% a cesta básica, referente ao mês de setembro, apresentou alta de 0,90%. Com isso, a cesta acumula variação de 1,37% nos nove meses do ano e 4,81% no acumulado dos últimos 12 meses. A variação ocorrida em setembro na capital paranaense foi a segunda mais alta, só perdendo para Florianópolis (SC), que foi 1,82%.
O economista Sandro Silva ressaltou que os maiores aumentos no preços da carne ocorreram na região sul. A cesta de Florianópolis (SC) acusou aumento de 6,5% para a carne e Porto Alegre (RS) de 2,17%. Ele notou, no entanto, que esse aumento ocorreu somente no varejo, ”o que sinaliza uma especulação”. Segundo Silva, para o produtor, o preço pago pela arroba do boi caiu 15,7% entre agosto de 2004 e agosto de 2005.
Para o economista do Dieese, Cid Cordeiro, os preços dos alimentos em baixa estão ajudando a inflação ficar compatível com a meta estipulada pelo Banco Central, que prevê variação de 5,1% para este ano. Ele destacou que 2005 é o ano de queda no preço dos alimentos e o consumidor está percebendo isso na mesa.
Fonte: Estadão/Agronegócios (por Alessandra Saraiva) e Folha de Londrina/PR (por Vânia Casado), adaptado por Equipe BeefPoint