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Frigoríficos arcam com custos da rastreabilidade

Para tentar manter os mesmos índices de exportações, quatro dos sete frigoríficos de Mato Grosso do Sul habilitados a exportar estão arcando com os custos da rastreabilidade. Há uma semana as indústrias habilitadas a fornecer carne bovina brasileira para a União Européia estão obrigadas a abater animais rastreados que estejam enquadrados ao Sistema Brasileiro de Identificação e Certificação de Origem Bovina e Bubalina (Sisbov).

“Durante esta primeira fase de rastreabilidade estamos tendo que arcar com os custos totais do Sisbov. Como existem três certificadoras em atuação no Estado, o frigorífico deu liberdade para que cada produtor escolha a prestadora de serviço e nós pagamos os custos. Por isso, as despesas variam e não posso dizer exatamente quanto gastamos por cada animal”, explica o diretor comercial do Frigorífico Quatro Marcos, Tupã Magalhães.

É com esta medida prática, adotada desde a semana passada, que o frigorífico vem mantendo sua média de exportação. Cerca de 95% dos pedidos que visam ao mercado internacional estão sendo atendidos. A capacidade diária de abate é de 1000 animais. “Não estamos repassando estes custos adicionais para o comprador estrangeiro, pois os pedidos são contratos antigos”, aponta Magalhães. No mês passado, o Quatro Marcos exportou, para vários países e não apenas para a União Européia, 3,7 mil toneladas.

O Frigorífico Friboi também está se responsabilizando pelos custos do sistema. De acordo o gerente de compras do grupo, Artemio Listoni, “as despesas, em média de R$ 1,50 por animal, estão sendo momentaneamente arcadas pela empresa, como forma de manter os mesmos índices de exportação para União Européia, sem que os custos sejam repassados para o produto”, observa Listoni.

O diretor é enfático ao dizer que a empresa estará pagando pela rastreabilidade até o próximo dia 30. “Isso porque, após essa data, só poderão ser abatidos animais com no mínimo 15 dias de certificação. As negociações para exportação são feitas com até três dias de antecedência e não com 15”, aponta.

Outros dois frigoríficos também estão pagando os custos: o Frigoalta em Pontes e Lacerda, e o Frigorífico Tangará, em Tangará da Serra. Neste último, segundo informações do gerente comercial, Ricardo Borges Simão, estão sendo gastos cerca de R$ 3 por animal com a rastreabilidade.

O Bertin, um dos maiores exportadores do Brasil, aderiu à idéia e informa que até o momento vem dando certo. “Nesse primeiro momento, estamos pagando a certificação ao produtor”, diz o funcionário do setor administrativo do frigorífico, Wladimir Batista de Oliveira.

Sem diferença

Apesar de custear o rastreamento, o frigorífico não paga nada a mais pelos animais identificados. “Também não sabemos se no futuro eles irão valer mais ou não”, afirma Oliveira, ao garantir que 90% das mil cabeças abatidas diariamente são rastreadas.

Para o produtor paulista e dirigente da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), Nelson Pineda, os frigoríficos deveriam pagar mais por animais rastreados. “Querem que o pecuarista entre no sistema, mas não garantem que teremos um produto com maior valor agregado”, afirma.

Impasse continua

O assessor técnico da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Paulo Sérgio Mustefaga, acredita que “há uma pressão por parte das indústrias de não pagar mais por esse tipo de animal. Isso pode ser prejudicial para o próprio frigorífico, que ficará sem matéria-prima para exportar”, afirma. Cálculos iniciais do mercado mostram que o custo do rastreamento para o produtor fica entre R$ 4 e R$ 10 por cabeça.

Movimento no sentido de incentivar a identificação individual dos animais foi dado por frigoríficos paranaenses. De acordo com o diretor da FNP Consultoria & Comércio, Vicente Ferraz, os abatedouros do Paraná anunciaram no início do mês que pagarão R$ 1 a mais por arroba de animal rastreado, ou seja, R$ 16 a mais por cabeça. “A iniciativa é interessante. A partir do momento que os frigoríficos perceberem que há pouca oferta por esse tipo de animal, eles passarão a pagar mais”, afirma Ferraz, ao lembrar que se houver excesso de oferta de animais rastreados no País os preços tendem a cair.

Fonte: Diário de Cuiabá (por Marianna Peres) e Gazeta Mercantil (por Alexandre Inácio), adaptado por Equipe BeefPoint

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