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Frigoríficos brasileiros operam com margens abaixo de 3%, diz fonte

A disparada do boi e o cambaleante mercado doméstico reduziram as margens dos frigoríficos a um dos menores níveis dos últimos anos. “Não me lembro de uma situação igual”, afirmou um graduado executivo da indústria. Como resultado, o abate de bovinos tende a cair fortemente. 

De acordo com essa fonte, a margem Ebitda na operação doméstica de carne in natura está entre 1,5% e 3%, uma queda relevante sobre os dois dígitos no auge de 2020. Com o gado nos atuais níveis, só a exportação à China remunera a indústria, de acordo com o mesmo executivo. 

De acordo com dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), o preço do boi gordo subiu cerca de 60% nos últimos doze meses, superando a casa de R$ 310 a arroba. “A margem é de um dígito baixo”, reiterou o executivo.

A afirmação está em linha com os sinais do Frigol, que devolveu um frigorífico que estava alugado em Cachoeira Alta (GO). Em entrevista ao Valor na semana passada, o CEO do Frigol, Marcos Câmara, disse que as margens estão abaixo de 5%. 

Para os frigoríficos concentrados no mercado interno, a situação é ainda mais delicada. “Margem abaixo de 3% é para quem tem China. Para os demais, é abaixo de zero”, frisou um outro executivo do setor, temendo por uma quebradeira semelhante àquela vista na crise de 2008. 

Outros frigoríficos também se mexeram. Além da devolução feita pelo Frigol, a Marfrig deu férias coletivas aos funcionários de dois abatedouros em março — as unidades de Alegrete (RS) e Chupinguaia (RO) ficaram 30 dias paradas, mas já voltaram a funcionar, informou a companhia. 

A Minerva, terceira maior produtora de carne bovina do país, tomou medidas semelhantes. De acordo com a agência Reuters, o abatedouro de Mirassol (MT) está parado temporariamente, com os trabalhadores em férias coletivas. No mês passado, a unidade da companhia em José Bonifácio, no interior paulista, ficou 20 dias parada, mas voltou a funcionar, segundo a agência.

Pelos cálculos de duas fontes, o ritmo de abates de bovinos caiu entre 20% e 30%. A esperança é que, em maio, a oferta de gado fique um pouco maior, o que poderia dar algum alívio aos preços. O movimento dos frigoríficos de reduzir os abates também pode gerar alguma pressão. 

Fonte: Valor Econômico.

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