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DOF aponta Paraguai como origem da aftosa

Relatório do DOF (Departamento de Operações na Fronteira) divulgado ontem pelo governo de Mato Grosso do Sul reforça indícios de que a origem dos focos de febre aftosa no estado seja o rebanho paraguaio, mas não apresenta provas da acusação sustentada pelo governo.

O governo do Paraguai, desde que foi aventada a primeira acusação, nega sistematicamente que a contaminação tenha se dado por gado oriundo daquele país.

O relatório é resultado de 15 dias de investigações na região de Eldorado e Japorã, no extremo sul do estado, onde foram confirmados os focos de aftosa.

Segundo o secretário estadual de Coordenação Geral de Governo, Raufi Marques, “fica claro que há movimentação muito grande de gado paraguaio na região”. Marques afirmou que o trânsito de gado é intenso porque, conforme o relatório, “há muitas propriedades rurais com parte da área no Brasil e o resto no país vizinho”.

De acordo com o relatório, assinado pelo delegado Antônio Carlos Videira, “investigações feitas em propriedades da região permitem constatar que as marcas do gado avaliado [em fazendas de Japorã e Eldorado] são diferentes da forma brasileira de marcação”. Segundo ele, normalmente as marcas brasileiras são menores do que as feitas no país vizinho.

Em 60 páginas, o DOF relatou atividades realizadas ao longo da região fronteiriça desde que o foco de aftosa foi detectado, no dia 8. De acordo com o diretor-presidente da Iagro (Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal), João Crisóstomo Mauad Cavallero, os policiais visitaram propriedades da região, entrevistaram produtores, trabalhadores e avaliaram rebanhos.

“Diante do que foi verificado pelo DOF, ficam mais fortes as evidências de que a doença veio de rebanho do Paraguai. O tráfego de bois é um dos indícios. Além disso, temos análise laboratorial que confirma que desde 2000 não há atividade viral de aftosa no estado. Precisamos considerar as coincidências. Em 1999, detectamos um foco em Naviraí, que fica na mesma região de Eldorado e Japorã [próximo à fronteira com Paraguai]. Será que o problema é o nosso gado?”, disse.

Segundo Marques, em grande parte dos casos, a introdução ilegal de animais é feita pelos próprios brasileiros, devido a preços mais baixos dos animais paraguaios.

O relatório do DOF deduz que o primeiro foco de aftosa em Mato Grosso do Sul surgiu em Japorã e não em Eldorado.

Fonte: Folha de S.Paulo (por Ana Raquel Copetti), adaptado por Equipe BeefPoint

0 Comments

  1. Oscar Roberto Martínez López disse:

    Até onde eu sei, não tem confirmação de Aftosa no Paraguai há um tempo. Pode se confirmar um foco? Pode sim, mas ainda não houve nada. Deveríamos administrar realidades com objetividade e possibilidades com cautela.

    Às vezes, acho estranhos certos acontecimentos. Quando o Brasil atinge níveis elevados de competitividade produtiva, tecnológica, industrial ou de exportações – como vem acontecendo, não tenho dúvida, os méritos são uma exclusividade do Brasil. Muito bem, deve ser. Mas quando o negócio é alguma coisa ruim e, acontecem fatos desagradáveis ou vergonhosos, o culpado é, sem dúvida alguma, o Paraguai.

    Pois é. Tudo de lá é ruim, feio, mal feito, corrupto, falsificado, só para mencionar alguns dos atributos outorgados ao Paraguai. Será assim mesmo? O Paraguai tem em torno a 6 milhões de habitantes e acredito que muita gente trabalha duramente e realizam as coisas de forma certa. Tem gente, como muitos paises, que não se importa com o legal e fazem as coisas de forma indevida.

    O secretário estadual de Coordenação Geral de Governo – segundo o artigo – declarou “fica claro que há movimentação muito grande de gado paraguaio na região”. Pode ser. Mas, é só gado paraguaio que se movimenta pela região? Não tem gado brasileiro que passa a fronteira também?

    Por exemplo, hoje, assisti ao meio-dia, no “jornal hoje” pelo Globo, uma matéria onde uma pequena fazendeira, foi abordada por autoridades, pois tinha um lote de bois da sua propriedade pastejando no lado paraguaio, por falta de pasto (pelo menos foi o que ela argumentou).

    Não sei quem é o culpado desta história e acredito que se deveria tentar evitar colocar o nome de uma nação como único responsável do mal. Por conta disso, o melhor seria procurar de resolver logo esse problema, se for possível de forma conjunta, para manter muitas fontes de emprego e pelo bem da saúde e segurança alimentar de tudo o mundo.

  2. Rogerio T.Beretta disse:

    Incrível como o governo do MS se nega a discutir as reais causas de um problema que esta arrasando a economia de alguns estados brasileiros e principalmente a do próprio Mato Grosso do Sul.

    Tal qual um pai de um jovem “drogado”, que insiste em não enxergar ou ao menos admitir os erros que pode ter cometido na criação de seu filho, e culpa o filhos dos “outros” ou culpa a falta de ação da policia, os nossos governantes continuam batendo na mesma tecla, de que o vírus da aftosa pode ter vindo do Paraguai.

    Gostaria de tentar antever o que aconteceria com o MS caso fosse provado que o vírus veio do Paraguai. Será que os países importadores iriam classificar o MS como zona livre de aftosa e liberar as exportações? Lógico que não.

    Para eles nossa situação continuaria sendo a mesma, pois um estado ou um pais que não admite falta de fiscalização na fronteira, mas que a imprensa mostra gado transitando livremente de um lado para outro; que não admite falta de estrutura nos órgãos de controle sanitário do rebanho, mas que a imprensa mostra que falta água para pulverizar os veículos nas barreiras; que não admite falta de comando sobre as áreas indígenas e de “sem terra”, sejam elas invadidas ou ate mesmo as legais, mas que a imprensa mostra fiscais do Iagro sendo feito reféns dentro de assentamentos; este estado ou este pais vai ser sempre um pais de risco alto.

    A atitude de muitos governantes em afirmar sem provas que o vírus veio do Paraguai é no mínimo burra, pois acaba com a possibilidade de fazermos ações integradas de combate a febre aftosa entre países fronteiriços como Paraguai, Bolívia e Argentina – o que é, para mim, imprescindível pois vírus não tem nacionalidade.

    Será que se a Gripe Aviária chegar ao Brasil (bate na madeira 3 vezes) iremos dizer que a culpa é dos Paises Asiáticos ou das aves migratórias?

    Sempre consideramos o Paraguai como um país irmão, e é sabido que um grande numero de brasileiros desenvolvem atividades de pecuária naquele país.

    Vamos parar de acusar e de dar “tiro no próprio pé”, pois o que iremos conseguir, caso consigamos convencer os paises importadores de carne que no Paraguai tem aftosa, será a classificação de alguns estados brasileiros, como MS e PR, em estados considerados “tampão” e continuaríamos impedidos de exportar.

    Está na hora de sentarmos na mesma mesa e trabalharmos juntos para erradicar definitivamente a aftosa de todos os paises da América do Sul.

    Rogerio T.Beretta
    Engenheiro agrônomo