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Frete volta a subir com nova onda de covid-19 na China

Fretes mais caros e prazos mais longos para importar componentes da China. Este é o primeiro impacto previsto por fabricantes brasileiros de eletroeletrônicos, linha branca e de maquinários diante do novo período de isolamento contra a covid-19 determinado pelo governo chinês em Shenzen, nesta semana.

“Quem está produzindo celular no Brasil vai ter atualização do custo de frete”, disse Samir Vani, gerente-geral no Brasil da MediaTek, empresa que desenvolve chips de conectividade para 41,8% do mercado global. O reflexo sobre o preço do frete deve ser imediato, avalia o executivo. Mas a decisão do governo chinês de decretar confinamento em Shenzen, um polo global de produção de componentes, não deve impedir que o setor continue sua trajetória de recuperação. “Depois do tombo do início da pandemia, do qual a cadeia de componentes vem se recuperando, este deve ser somente um tropeço”, diz. A expectativa do setor é de retomada dos níveis pré-pandemia no fim do ano.

O lockdown chinês deve interromper uma trajetória de queda nos preços do aluguel de contêineres para frete marítimo. Na semana passada, um contêiner da China para o Brasil custava cerca de US$ 11 mil. No auge da pandemia chegou a US$ 20 mil. E antes da doença tomar conta do mundo, custava cerca de US$ 2 mil.

“Em abril e maio ainda vai ter impacto, especialmente nos portos e toda estrutura de logística mundial, porque já estamos com a corda muito esticada, embora os preços de fretes estivessem começando a recuar”, diz Roberto Milani, vice-presidente da trading company Comexport e diretor do Conselho Empresarial Brasil-China. De acordo com ele, as companhias marítimas começaram a sinalizar que novos aumentos nos fretes estão no horizonte.

Para além dos preços dos fretes, os bloqueios podem significar outras pressões em custos e fornecimento. A diária de um grande navio, por exemplo, é de cerca de US$ 100 mil. “Congestionamento portuário significa perda”, diz Milani. Para ter vantagem competitiva, a empresa, que tem 145 clientes que importam da China, sentiu, durante a pandemia, a necessidade de abrir um novo escritório em Xangai para que a equipe local seja responsável por todo o processo no país e facilite as transações com os fornecedores chineses. 

“Assim que os bloqueios começaram a ser anunciados, nossa equipe de lá já foi em busca de fornecedores de outras províncias e também buscaram portos alternativos”, diz Milani sobre a quadro atual. De 2019 a 2021, os negócios no mercado chinês somaram R$ 6,1 bilhões de faturamento à companhia.

Embora Shenzen tenha entrado em isolamento nesta semana, a piora no fluxo de importação da China foi notada desde novembro pela fornecedora de máquinas para embalagem e automação Cetro Máquinas. “Todos têm algum problema com a produção, seja por falta de funcionários que estão doentes ou isolados, seja por escassez de insumos como o plástico”, relata Leonardo Mello, CEO e fundador da empresa sediada em Bauru (SP), que importa 90% do maquinário de oito fabricantes chineses.

O prazo de entrega de máquinas para a Cetro dobrou de 90 para 180 dias, nos últimos três meses, levando a empresa a buscar uma terceira alternativa portuária, na cidade de Ningbo-Zhoushan para evitar as barreiras nos portos de Shenzen e Xangai. Mello também busca fornecedores alternativos na Alemanha, na Índia e entre os países do Mercosul. “Estou tentando alguma coisa para não depender tanto da China”, afirma.

O aumento do preço do frete “é certo”, afirma Vanderlei Rigatieri, CEO da empresa de tecnologia brasileira WDC Networks, que importa produtos e componentes de 40 fornecedores diferentes da China. “A guerra [na Ucrânia] também não está ajudando e vem aumento por aí”.

Entre os fornecedores da WDC na China, a Huawei, sediada em Shenzen, entrou em lockdown e informou que terá atraso no fornecimento de baterias e inversores para energia solar.

Fonte: Valor Econômico.

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