Regiões brasileiras produtoras de couro já sofrem os efeitos da crise na cadeia de carne, fruto dos focos de febre aftosa no Mato Grosso do Sul e as suspeitas da doença no Paraná. Produtores já registram cerca de 10%, em média, de aumento nos preços dos produtos. Falta matéria-prima e as demissões começam a acontecer.
O Rio Grande do Sul, que detém 27% de toda a produção nacional, constata a falta do produto e a elevação de 8% nos preços. Os sul-mato-grossenses, que produziam 12 mil peças do couro por dia reduziram essa quantia para 4 mil peças por dia. “A redução de mão-de-obra já teve início. A isso, soma-se a quebra de contratos, uma vez que não há matéria-prima”, afirma o secretário executivo do Sindicato das Indústrias de Curtume do Mato Grosso do Sul (Sincouros-MS), Aldayr Heberle.
O diretor do Curtume Brasil, no Mato Grosso do Sul, Ildomar Carter, afirma que o quadro de pessoal já caiu de 210 para 140 funcionários. “Recebíamos 2,5 mil peças por dia e, atualmente, o volume não passa de 1,2 mil unidades.”
Rio Grande do Sul
De acordo com o vice-presidente de matéria-prima da Associação das Indústrias de Curtume do Rio Grande do Sul (AICSul), Leogênio Luiz Alban, as empresas estão com dificuldade de manter o ritmo por causa do aumento dos preços. “Não temos condições de arcar com este reajuste, pois as nossas vendas não estão crescendo”, explica Alban, assinalando que “o couro tratado não apresenta risco de proliferação da aftosa”.
Paraná
No Paraná o quadro é semelhante. Os preços aumentaram 10%. Indústrias e curtumes já demitem funcionários. “Se há problemas na pecuária, o setor de couro também retrai”, diz o presidente do Sindicato da Indústria de Couros e Peles do Estado do Paraná (Sicppar), Walter Hasenack.
São Paulo
Segundo o diretor executivo do Sindicouro-SP, Alberto Skliutas, São Paulo tem mantido os abates nas escalas previstas e a entrega de peças não está deficitária. “Os curtumes que dependiam da matéria-prima vinda do Mato Grosso do Sul e do Paraná, estão se abastecendo com couro do Norte e do Nordeste do País”.
Segundo dados do Sindicouro-SP, o Brasil produziu 40,5 milhões de peças em 2004, cerca de 64% delas voltadas para exportação. A receita do setor com embarques em 2004 foi de US$ 1,3 bilhão. Desse total, São Paulo respondeu por US$ 415 milhões.
Fonte: DCI, adaptado por Equipe BeefPoint