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Maior oferta de nitrogenados na Europa pode beneficiar safrinha

Estimulados pela redução dos preços do gás natural, os fabricantes europeus de adubos nitrogenados estão retomando suas produções locais, o que poderá beneficiar o produtor brasileiro de milho safrinha que ainda não comprou o insumo. Um aumento da oferta pressiona as cotações internacionais, e o Brasil é importador.

A ureia é um nitrogenado usado no cultivo do cereal, que começa no primeiro trimestre após a colheita da soja. Pelo menos 30% do volume que costuma ser aplicado nas lavouras de Mato Grosso, principal Estado produtor, ainda não havia sido negociado até o último mês, já que o produtor esperava melhores preços, afirmou Cleiton Gauer, superintendente do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea).

O gás natural, vale lembrar, é matéria-prima da amônia, que por sua vez origina os adubos nitrogenados. A empresa de pesquisa de commodities CRU International avalia que a produção desses adubos no continente europeu já está em cerca de 63% da capacidade total, em comparação aos 37% registrados no início de outubro, informou ontem a agência Dow Jones Newswires.

Em agosto, gigantes multinacionais como Yara, CF Industries e OCI, para citar algumas, já produziam perto dos 40% da capacidade total instalada de amônia do continente, estimada em 11 milhões de toneladas. A norueguesa Yara, uma das maiores empresas de fertilizantes do mundo, informou que está operando com 65% de sua capacidade de produção local. A companhia chegou a reduzir o ritmo para pouco mais de um terço da capacidade total durante boa parte deste segundo semestre.

Segundo a Dow Jones, os preços do gás recuaram, em parte, graças às temperaturas mais amenas em todo o continente e às instalações de armazenamento de gás mais cheias do que a média. Quando os preços do gás natural começaram a subir rapidamente, no início deste ano, muitos produtores reduziram ou interromperam a produção para evitar quedas ou perdas acentuadas nas margens de lucro.

Em boletim divulgado na segunda-feira pelo Rabobank, o analista Bruno Fonseca destacou a reversão de tendência de preços da ureia, que era de alta há um mês, devido ao cenário. “A gente vem observando queda nos custos do gás natural e uma possível retomada na produção dos adubos nitrogenados na Europa, o que tem deixado o mercado um pouco menos volátil em relação a novas demandas”.

O fator, aliado à queda de demanda por adubos no Brasil, pressiona a ureia no mínimo a permanecer nos atuais patamares. A tonelada da ureia vale cerca de US$ 625 no porto no Brasil, de acordo com o banco, depois de alcançar US$ 995 em abril, após o início da guerra na Ucrânia. O conflito causou tensão e impactou as cotações porque países do Leste Europeu, como Rússia e Belarus, são importantes origens de fertilizantes, lembrando que o Brasil importa aproximadamente 85% do que consome.

O Rabobank acrescentou que também vê tendência de baixa para potássio e fosfatados. Ambos caíram pela metade desde o pico de preços, em abril. A tonelada de potássio vale cerca de US$ 650, diz o banco. O MAP, um dos mais usados entre os fosfatados, cotado a US$ 625, chegou a valer US$ 1,3 mil, segundo a StoneX.

Fonte: Valor Econômico.

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