O hipermercado Extra (do Grupo Pão de Açúcar) em parceria com a GMG (representante da genética Rubia Gallega para a América do Sul) está lançando um programa de produção de carne certificada com o selo “melhor natureza” junto a produtores de bovinos de corte no Brasil. Desde 2003, o Extra trabalha nesse novo modelo, que agora chega à fase de produção.
O programa é baseado na compra de animais do cruzamento de vacas Nelore inseminadas com touros da raça Rubia Gallega, através de contratos com pecuaristas que já produzam Nelore, ou que estejam dispostos a se adequar aos padrões do programa.
A expectativa é que o programa participe com 30% de todo faturamento da seção de carnes do hipermercado. “Não iremos substituir a variedade já existente, iremos adicionar mais uma opção de produto ao nosso consumidor”, afirma Vagner Giomo, gestor de categoria de perecíveis da rede Extra. O cronograma prevê que a carne proveniente desse programa chegue às gôndolas do Extra no final de 2006 (vitelo). A maior parte da produção chega a rede no ano de 2007. Serão abatidos cerca de 80 mil animais/ano, a partir do ano que vem.
Nessa parceria, o Extra se compromete a comprar 100% dos animais (machos e fêmeas) produzidos a partir do cruzamento, e a GMG em fornecer assistência técnica aos produtores sem custo adicional. O preço pago pelo Extra será equivalente ao preço oficial da Esalq máximo da região. Esse preço, segundo a assessoria de imprensa do Cepea, corresponde ao preço máximo (a prazo) negociado na região.
Objetivos
O programa visa levar a carne para o hipermercado e por isso envolve o Extra – bandeira de hipermercados da CBD. O Extra atende uma população muito variada em 10 estados brasileiros e manipula a carne dentro do hipermercado. A intenção é comprar carcaça completa e ofertar para os clientes todos os cortes que se tem numa carcaça, e isso, segundo Farah, só é possível fazer no hipermercado.
A carne certificada será comercializada apenas no Extra porque essa foi uma demanda criada pelo hipermercado. Não existem, portanto, planos para expandir os selos para outras bandeiras do grupo atualmente. O Pão de Açúcar, por exemplo, está trabalhando hoje com marca própria, com novilho precoce, carne argentina e algumas marcas de carne. E este é um dos motivos pelos quais não há planos de expansão deste selo para outras bandeiras.
Definição das raças
Para a definição das raças a serem utilizadas no cruzamento, foram realizadas degustações e análises sensoriais com clientes externos do hipermercado, além de testes realizados por clientes internos – funcionários do setor carnes e aves – desde a chegada da carne na loja, desossa, manipulação e venda. Segundo Farah, a demanda é determinada pelo mercado, ou seja, quem escolhe o cruzamento é o mercado. Portanto, o pecuarista tem que olhar qual é a demanda do mercado na hora de escolher de qual touro inseminar.
Os novilhos vendidos ao programa devem ter de 12 a 15 meses e pesar de 420 a 450 Kg. Os vitelos devem ter de 5 a 7 meses e 240 a 270 Kg. O padrão de gordura exigido pelo programa para o vitelo é escassa (1 a 3 mm de gordura), pois o mesmo não exige muita gordura para venda, informa Farah. Já para o novilho, a exigência é de 3 a 4 mm de cobertura de gordura na carcaça.
Fornecedores
Para a seleção de fornecedores, solicita-se que os pecuaristas entreguem no mínimo 500 animais por ano – para facilitar a logística do trabalho. Mas, segundo Farah, tudo pode ser estudado, desde que seja logisticamente viável. O pecuarista, para ser aceito pelo programa, deve ter vacas nelore e querer começar a inseminar agora. A GMG fornecerá assistência técnica, que terá custo embutido no custo do sêmen vendido pela empresa.
Vinte e cinco mil matrizes já estão contratadas para o programa. Núcleos de produção estão sendo desenvolvidos atualmente no norte de GO, leste do MT, sul de TO e oeste da BA e SP. Farah ressalva que nada impede que possam desenvolver núcleos em outras regiões. O MS, por exemplo, é considerada uma região que tem potencial, mas ainda não tem parceiros. O mesmo ocorre para MG. Farah comenta que “onde se tem cria, recria e engorda é potencial”.
Ainda não existe uma estratégia de marketing pré-definida com relação à divulgação das carnes com o selo “melhor natureza” junto ao consumidor final, mas o programa não envolve formação de marca, portanto não leva o nome do Extra ou da GMG.
O contrato realizado entre pecuaristas e o Extra possui prazo indeterminado, o que significa que, a partir do momento em que o pecuarista assina um contrato, o extra garante a compra de 100% do que ele produzir desse cruzamento (tanto dos machos quanto das fêmeas). O produtor pode também produzir outros cruzamentos direcionados a outros mercados.
Para Farah, esse é um novo jeito de fazer negócio: “o pecuarista não vai produzir para o Extra, ele vai produzir com o Extra”. Além disso, existe ainda a possibilidade do pecuarista diversificar a produção. A relação com o supermercado passa a ser uma relação de compromisso e de crédito, porque o Extra conta que esses animais serão entregues todo ano. O produtor não terá concorrência, pois haverá uma programação planejada do hipermercado, complementa Farah.
Para o planejamento, o programa trabalha com taxas de índices zootécnicos médios nacionalmente. Caso ocorra algum incidente pontual que prejudique a produção impedindo a entrega do volume planejado inicialmente, não há penalização do produtor. Faz parte do planejamento uma previsão para oscilações na produção, tanto para baixo quanto para cima.
Principais vantagens
Segundo Farah, por ser mais produtivo, o sistema tem a possibilidade de aumentar o número de matrizes por área e a produção de carnes por ha/ano. “Por exemplo, se o produtor normalmente tira um animal de 36 meses, vai começar a tirar com16 meses, ganhando em maior número de matrizes por área, ou seja, deixa de ter essa área ocupada com esses animais para ocupar com matrizes”, diz.
Uma das vantagens para o pecuarista é que ele sabe exatamente para quem vai produzir, quando vai produzir e por quanto ele vai vender. Outra vantagem é um sistema de produção intensificado, o que aumenta o giro financeiro da fazenda, ou seja, o pecuarista poderá fazer vários abates por ano, o que quer dizer que vai aumentar a quantidade produzida por ha/ano, aumentando a produtividade da fazenda.
Fonte: Equipe Beefpoint
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Visitando o site da GMG, pode se afirmar que com a utilização desse sêmen, os pecuaristas vão poder produzir o novilho realmente precoce como os europeus estão acostumados a consumir.