O relatório de oferta e demanda do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) puxou para baixo os preços dos grãos negociados na bolsa de Chicago, com impactos principalmente para os valores do milho e do trigo.
No caso do milho, os contratos futuros que vencem em dezembro, os mais negociados, fecharam em forte queda, de 3,54%, a US$ 4,8375 por bushel.
As novas projeções de oferta americana derrubaram as cotações no pregão desta quarta. Segundo o USDA, os EUA devem colher 389,1 milhões de toneladas. O número é apenas 0,36% maior que o projetado no mês passado, mesmo após o departamento americano fazer uma revisão significativa na projeção de área plantada em junho. Ainda assim, a expectativa para a safra americana ficou acima das apostas de analistas de mercado, que esperavam 384,8 milhões de toneladas.
A demanda por milho nos EUA será de 314,5 milhões e as exportações chegarão a 53,3 milhões de toneladas. Ambos os números não sofreram alterações. Em relação aos estoques, o USDA ajustou para cima, em 0,23%, para 57,4 milhões de toneladas.
Para o Brasil, não houve alterações em relação ao mês passado, mas o país segue com uma oferta robusta no mercado, com produção estimada em 129 milhões de toneladas e exportações que devem somar 55 milhões.
Outro fator que corrobora com a queda em Chicago é a estimativa de safra para a Ucrânia em 2023/24, que surpreendeu com ajuste positivo de 2%, para 25 milhões de toneladas. Os ucranianos também exportarão 2,6% mais do que o USDA previu em junho, chegando a 19,5 milhões de toneladas. Os números são considerados surpreendentes, pois a Ucrânia, que está em guerra com os russos desde fevereiro do ano passado, teve terras destruídas pelo conflito e viu seu volume de exportações cair desde o início da guerra.
Trigo
O trigo também fechou o dia com preços em forte queda após as projeções do Departamento de Agricultura americano. Os papéis do cereal que vencem em setembro caíram 4,20%, para US$ 6,3275 por bushel.
O USDA elevou a estimativa de produção de trigo nos Estados Unidos em 2023/24, de 45,3 milhões em junho para 47,3 milhões no relatório divulgado nesta quarta. De acordo com o departamento, as perspectivas para as colheitas do grão Durum e o de primavera são menores do que as da safra passada. Mas o trigo de inverno deve ter produtividades melhores e colheita maior.
A expectativa de consumo interno dos americanos foi reajustada de 30,2 milhões para 30,8 milhões de toneladas. Os técnicos, no entanto, mantiveram em 19,7 milhões de toneladas a previsão de exportações. Os estoques finais da temporada 2023/24 foram revisados de 15,2 milhões para 16,1 milhões de toneladas.
“Os ganhos de produção serão parcialmente compensados pelos estoques iniciais menores”, diz o USDA, no relatório. “O preço médio para a temporada está previsto em US$ 7,50 por bushel, queda de US$ 0,20 em relação ao mês passado”, acrescenta.
O órgão americano também ajustou para cima a expectativa para exportação de trigo russo, um dos principais elementos de pressão nas cotações em Chicago nos últimos meses. O número passou de 46,5 milhões de toneladas em junho para 47,5 milhões no documento deste mês. Por outro lado, a produção no país foi mantida em 85 milhões de toneladas.
Já a soja caiu, mesmo com o USDA reduzindo sua estimativa para a safra dos Estados Unidos. Os contratos que vencem em agosto recuaram 1,85%, a US$ 14,4425 por bushel.
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos reduziu em 4,6% sua projeção para a safra americana, que ficou estimada em 117 milhões de toneladas. Apesar do forte recuo na comparação com o relatório do mês passado, o número ficou acima das estimativas de analistas de mercado, que apostavam em um volume de 115,6 milhões de toneladas. Em contrapartida, a projeção para os estoques finais americanos caiu 4,2%, para 8,1 milhões de toneladas, e estimativa para as exportações dos EUA caiu 6,33%, para 50,3 milhões de toneladas
Para Francisco Queiroz, analista da consultoria Agro do Itaú BBA, o corte na produção americana abaixo do esperado trouxe um sentimento negativo para os preços da soja em Chicago, já que deve preservar a relação estoque/uso no país.
Outro ponto que colaborou para o recuo das cotações são as previsões climáticas favoráveis para este mês nas áreas agrícolas dos EUA.
“Neste mês de julho, nós temos a expectativa de chuvas dentro ou acima da média para as principais regiões produtoras de grãos americanas. Isso fez com que o USDA segurasse um corte ainda maior em suas projeções de safra”, ressalta o analista.
Fonte: Globo Rural.