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Mapa acusa governo do Paraná de irregularidades

O governo paranaense atrasou em cinco dias a comunicação ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) de que havia bovinos com suspeita de febre aftosa no estado e realizou exames “clandestinos” para comprovar essas suspeitas. As acusações integram a nota técnica no 35 da Secretaria de Defesa Agropecuária do ministério, elaborada no último dia 18 de novembro e assinada pelo diretor do Departamento de Saúde Animal (DSA), Jorge Caetano Júnior.

Segundo a nota, os procedimentos atribuídos à Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab) geraram “preocupação” e “poderão causar danos de grande proporção à credibilidade dos serviços veterinários brasileiros, com possíveis conseqüências negativas no que diz respeito à recuperação do status sanitário anterior”.

No documento, Caetano Júnior disse possuir “indícios” de que a Seab tenha tomado conhecimento de que havia animais com sintomas de aftosa no dia 16 de outubro, mas só comunicou o ministério dessa suspeita no dia 21. A principal base para essa suspeita é o fato de que a DSA recebeu, depois do dia 21, por e-mail, fotos digitais de animais com lesões na boca datadas de 16/10.

A nota técnica acusa a Seab de ter colhido, sem o conhecimento do órgão federal, 548 amostras de soro sangüíneo dos animais sob suspeita e enviado o material para análise no Laboratório Marcos Enriete, “não-autorizado para testes para febre aftosa”. O laboratório pertence à própria Seab. Segundo o documento, no dia 16 de outubro a Seab comprou da empresa Biobrás seis kits para diagnóstico sorológico de febre aftosa, o que seria mais uma prova dos exames clandestinos.

Os resultados exatos desses exames não são conhecidos, mas, no dia 21, a secretaria comunicou a suspeita de aftosa, informando ter em mãos a notificação de “quatro suspeitas com sinais clínicos de enfermidade vesicular” em fazendas dos municípios de Loanda, Amaporã, Grandes Rios e Maringá. Foram apontadas duas datas para as visitas dos técnicos da secretaria às propriedades: 18 e 19 de outubro. Com base nessa comunicação, a DAS informou à OIE da suspeita de foco no Paraná, como a entidade exige.

A nota assinada por Caetano Júnior traz a versão do ministério para uma acusação feita ao órgão em 17 de novembro pelo diretor geral da Seab, Newton Pohl Ribas. Ele informou ter recebido de técnicos do ministério proposta para que o Paraná assumisse possuir focos de aftosa, mesmo sem a comprovação laboratorial, para resgatar a credibilidade do Brasil no mercado internacional de carnes.

Na nota, o diretor do ministério confirmou que a proposta foi feita, mas garante que essa seria a única forma de dar uma satisfação aos compradores – entre eles a União Européia, que questionou os procedimentos adotados no Paraná. As normas da OIE determinam que uma suspeita oficial seja tratada como foco, o que implicaria no abate ou o sacrifício sanitário dos animais. O governo do Paraná recusou essa proposta e insistiu para que se investigasse se foi outra doença que provocou os sintomas.

Fonte: Gazeta do Povo/PR (por Valmir Denardin), adaptado por Equipe BeefPoint

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