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25 de abril de 2025

Indústria de carnes do Brasil aposta em compradores do interior da China

Representantes da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) vão percorrer seis cidades da China neste ano para apresentar a carne bovina brasileira e estreitar relacionamento com compradores diretos, como atacadistas, associações comerciais e governos locais.

“É um projeto amplo de interiorização na Ásia que vamos começar pela China e ano que vem vamos para outros países. A ideia é sair do diálogo só com traders e grandes empresas estatais e conversar localmente”, disse o presidente da Abiec, Roberto Perosa, em evento da Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócio (Abmra), na quinta-feira (24).

De acordo com ele, esses compradores já consomem a carne brasileira, mas fazem a aquisição por meio de traders. A ideia agora é fomentar negócios que sejam feitos diretamente com o Brasil. “Até os governos das províncias da China podem fazer compras diretas”, disse.

Em maio, a Abiec vai inaugurar um escritório comercial na China e, a partir de então, começarão as visitas às cidades, sendo três no curto prazo e outras três mais perto do fim do ano. Ao todo, essas regiões selecionadas no país asiático têm uma população de cerca de 500 milhões de pessoas, daí o grande potencial de expansão para as vendas.

Perosa afirmou que as visitas incluirão discussão técnica e sanitária e encontros para apresentação de pratos da gastronomia local e do churrasco brasileiro.

A iniciativa acontece em um momento em que o Brasil está cada vez mais próximo da China, comercialmente, enquanto o país asiático vive uma guerra tarifária com os EUA — um dos maiores fornecedores globais de carne bovina.

Apesar de intenção de expandir as vendas ao mercado chinês, Perosa ressaltou que o país já é destino de mais de 40% da carne bovina brasileira. Sendo assim, a Abiec também busca diversificar os compradores internacionais.

“Estamos com o projeto Brazilian Beef Dinner, que promove eventos gastronômicos para apresentar a carne brasileira. Fizemos no Egito, o que possibilitou o pré-listing para o Brasil, e no Marrocos, que abriu para miúdos e pode ser um grande hub para a (entrada de carne que vai para) África e até mesmo para a Europa”, disse.

Estão programados mais oito eventos do gênero neste ano.

Na avaliação do presidente da Abiec, quando o Brasil obtiver o reconhecimento da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), de livre de febre aftosa sem vacinação, uma série de oportunidades devem se abrir no mercado externo. A expectativa é que o novo status seja confirmado em maio.

“Vamos abrir muita possibilidade até em mercados que já são abertos. Indonésia e Filipinas, por exemplo, já têm frigoríficos brasileiros habilitados, mas podem abrir para a compra de miúdos”, estimou. Segundo ele, há também negociações em curso para aberturas que podem avançar após o novo status sanitário, com países como Japão, Coreia do Sul e Turquia.

Perosa observou que a aplicação de tarifas de importação pelos Estados Unidos deve dificultar o fornecimento de carne americana não só para a China, mas para o mundo todo. Assim, abre-se espaço para que o Brasil avance em busca de lacunas deixadas pelo produto americano.

Fonte: Globo Rural.

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