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Abate recorde de fêmeas sinaliza alta da carne bovina ao consumidor no segundo semestre

O consumidor brasileiro de carne bovina deve se preparar para o período de vacas magras nos próximos meses após o abate de fêmeas no país ter batido recorde no primeiro trimestre deste ano, com mais de 47% de participação no total de animais abatidos no período. Movimento típico do ciclo pecuário, essa tendência foi intensificada desde 2023 por fatores climáticos e mercadológicos, mas já dá sinais de ter chegado a um limite.

“O Brasil nunca tinha registrado esse nível de abate de fêmeas. Outros países, como Austrália e Estados Unidos, que já tem um rebanho mais estável, operam nesse patamar. Então o Brasil poderá até manter esse nível de 47% sem comprometer o tamanho do rebanho, mas percebemos que, sazonalmente, essa curva tende a mudar no segundo semestre”, observa o analista de commodities da Datagro, João Figueiredo.

A previsão da consultoria é de que, até o final do ano, o percentual de fêmeas sobre o total de bovinos abatidos no país atinja 39,2% comparado a 39,7% no ano passado, passando a apresentar uma queda mais acentuada a partir de 2026. “Vamos sentir de fato que o ciclo virou de verdade. Isso se inicia de forma prática a partir desse segundo semestre e se materializa em termos de mercado com mais força no ano que vem”, destaca Figueiredo.

O resultado desse processo será uma menor oferta, pressionando para cima o preço do boi gordo, cuja cotação é calculada pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), acumula alta de mais de 37% na comparação com o registrado há um ano. “O pessoal se engana que o consumidor brasileiro compra carne no supermercado. Quase 60% do consumo nacional é feito nesses açougueiros de bairro e que trabalham muito com fêmeas”, ressalta Figueiredo.

Na avaliação do diretor-fundador da Scot Consultoria, Alcides Torres, a concorrência da carne bovina com outras proteínas tende a limitar a alta dos preços no campo, mas a dinâmica no varejo tende a ser menos previsível. “O preço no varejo tem a sua própria dinâmica. Se o gerente de perecível do supermercado perceber que o pessoal tá consumindo determinado corte, ele não abaixa o preço mesmo com a cotação caindo”, destaca Torres.

Segundo o diretor de agronegócios da XP Investimentos, Leonardo Alencar, o volume recorde de abate de fêmeas no início deste ano foi absorvido justamente por frigoríficos de menor porte, focados no mercado interno, como forma de driblar a valorização da arroba do boi gordo. Durante sua participação na feira Feicorte em Presidente Prudente, no início de julho, ele destacou que a demanda interna firme favoreceu esse cenário.

“A demanda doméstica absorveu a oferta maior desses frigoríficos pequenos e médios desse começo de ano, mas a partir de 2026 realmente vai começar a ter menos ofertas de vacas no mercado com incentivo maior à retenção de fêmeas para aumentar a produção de bezerros”, avaliou Alencar.

Considerando a virada de ciclo, menor oferta de animais e aumento de preços, ele também prevê aperto de margens para a indústria. “Num cenário de menor oferta, o frigorífico não consegue fazer todo o repasse de preço e acaba espremido como intermediário na cadeia”, afirma o diretor de agronegócios da XP.

Fonte: Globo Rural.

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