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Impasse com a China pesa fortemente nas exportações de carne bovina dos EUA em maio

As exportações de carne bovina dos Estados Unidos caíram em maio, principalmente devido a uma forte redução nos embarques para a China, segundo dados divulgados pelo USDA e compilados pela U.S. Meat Export Federation (USMEF).

Em abril e na primeira metade de maio, a tarifa total imposta pela China sobre a carne bovina dos EUA chegou a 147%. Mesmo após o anúncio conjunto de 14 de maio, que temporariamente reduziu as tarifas por 90 dias, a taxa ainda está em 32%. Além disso, a maior parte da produção de carne bovina dos EUA está inelegível para exportação devido à falha da China — desde fevereiro — em renovar os registros vencidos de frigoríficos e unidades de armazenagem refrigerada.

“A situação com a China teve, obviamente, um impacto severo nas exportações de maio, o que ressalta a importância da diversificação e do desenvolvimento de mercados alternativos,” afirmou Dan Halstrom, presidente e CEO da USMEF. “O progresso nas negociações comerciais entre EUA e China é extremamente urgente, pois as tarifas podem voltar a subir em 12 de agosto. Esse prazo já está afetando as decisões dos exportadores sobre continuar ou não produzindo para o mercado chinês. Por outro lado, em meio a toda essa incerteza, a demanda por carne vermelha dos EUA continua forte em muitas regiões-chave.”

As exportações de carne bovina totalizaram 97.266 toneladas métricas ™ em maio, uma queda de 12%, sendo o volume mais baixo em quase cinco anos. O valor exportado foi de US$ 798,7 milhões, uma redução de 11,5%, o menor em 18 meses. No acumulado de janeiro a maio, as exportações caíram 5% em volume (508.293 tm) e 3% em valor (US$ 4,15 bilhões), em comparação ao mesmo período do ano anterior.

Coreia do Sul: o melhor mês desde 2023

A carne bovina dos EUA teve um excelente desempenho em maio no principal mercado sul-coreano, com exportações crescendo 40% em relação ao ano anterior, totalizando 25.228 tm — o maior volume desde março de 2023. O valor das exportações chegou a US$ 233 milhões — aumento de 39% e o maior desde junho de 2022. No acumulado de janeiro a maio, as exportações somaram 106.867 tm, alta de 10%, com valor subindo 12%, alcançando US$ 1,02 bilhão.

Reforçar e expandir a demanda na Coreia é especialmente importante à luz dos obstáculos enfrentados na China, particularmente para cortes que têm alto valor agregado nos mercados asiáticos.

América Central: crescimento constante

As exportações de carne bovina para a América Central aumentaram modestamente em volume (2.045 tm, alta de 4% em relação ao ano anterior), mas o valor disparou 36%, alcançando US$ 18,5 milhões. Até maio, as exportações para a região seguem em ritmo recorde: 10.716 tm (alta de 8%) e US$ 89,2 milhões em valor (alta de 31%), impulsionadas por embarques recordes para a Guatemala e forte crescimento na Costa Rica e no Panamá.

O aumento do turismo — especialmente em El Salvador e na Guatemala — está impulsionando a demanda por carne bovina dos EUA, mas os consumidores locais também estão buscando cortes de maior qualidade, tanto no varejo quanto na alimentação fora do lar.

América do Sul: destaque para Chile e Peru

Na América do Sul, o crescimento no Chile e no Peru elevou as exportações de carne bovina em maio para 1.446 tm (alta de 3%), com valor subindo 21%, totalizando US$ 32,3 milhões. No acumulado de janeiro a maio, o valor das exportações subiu 29% (US$ 56,4 milhões), apesar de uma leve queda de 2% em volume (7.770 tm).

Os embarques para a Colômbia estão se recuperando gradualmente da interrupção ocorrida no ano anterior, devido a restrições relacionadas à gripe aviária altamente patogênica em vacas leiteiras. No entanto, o Canadá continua sendo o maior fornecedor de carne bovina para a Colômbia, um marco atingido enquanto o acesso dos EUA esteve restrito. De janeiro a maio, as exportações dos EUA para a Colômbia caíram 30% em volume (1.501 tm), mas o valor aumentou 4%, totalizando US$ 13,5 milhões.

China: mercado praticamente fechado

Devido às tarifas elevadas e à falta de frigoríficos elegíveis, as exportações de carne bovina dos EUA para a China despencaram em maio para apenas 1.398 tm — queda de 91%. O valor exportado caiu 90%, ficando em US$ 14,6 milhões. Apesar de um primeiro trimestre relativamente forte, o acumulado até maio mostrou queda de 31% em volume (51.418 tm) e de 32% em valor (US$ 449,3 milhões). Como mencionado, a carne bovina dos EUA enfrenta atualmente uma tarifa de 32% na China, mas os registros expirados das plantas são uma barreira ainda maior, que efetivamente fecha o mercado. Mesmo os poucos exportadores ainda habilitados enfrentam grande incerteza com a possibilidade de novas tarifas retalia­tórias a partir de agosto.

Japão: estabilidade no volume, queda no valor

As exportações para o Japão tiveram resultados mistos em maio: o volume subiu 4% (21.791 tm), mas o valor caiu 5% (US$ 156 milhões). No acumulado do ano, as exportações ficaram ligeiramente abaixo do ritmo do ano passado: 104.012 tm (queda de 1%) e US$ 773 milhões em valor (queda de 3%).

Embora o Japão não tenha imposto contramedidas às exportações dos EUA, é um dos parceiros comerciais mais impactados pelas tarifas americanas sobre automóveis, aço e alumínio. A tarifa japonesa sobre carne bovina refrigerada e congelada dos EUA permanece alta, em 21,6%, mas é a mesma aplicada a outros grandes fornecedores. As importações totais de carne bovina do Japão caíram neste ano, refletindo a fraqueza do iene e o cenário econômico desafiador.

México: queda moderada após ano forte

Após um desempenho muito forte em 2024, as exportações para o México apresentaram leve queda em 2025. Em maio, os embarques totalizaram 16.485 tm (queda de 12%), com valor de pouco mais de US$ 100 milhões (queda de 10%). De janeiro a maio, o volume exportado caiu 8% (89.022 tm) e o valor caiu 4% (US$ 540,2 milhões).

Taiwan: retração em maio

As exportações para Taiwan caíram 16% em maio, totalizando 4.934 tm, com valor de US$ 55 milhões (queda de 13%). No acumulado do ano, o valor subiu ligeiramente para US$ 256,7 milhões (alta de 1%), mesmo com queda de 7% no volume (21.638 tm).

Caribe: crescimento impulsionado pela República Dominicana

Liderado por aumentos na República Dominicana, Bahamas e Antilhas Holandesas, o valor das exportações para o Caribe subiu 25% em maio, alcançando US$ 28,2 milhões, mesmo com queda de 4% no volume (2.716 tm). Até maio, o valor exportado cresceu 13% (US$ 137,8 milhões), com o volume caindo 5% (14.086 tm). Os embarques para a República Dominicana estão em ritmo recorde, com média superior a 1.000 tm nos últimos quatro meses.

Oriente Médio: destaque para os Emirados Árabes Unidos

Embora as exportações para o Oriente Médio tenham caído em maio, os Emirados Árabes Unidos (EAU) se destacaram. Os embarques para os EAU subiram 66%, totalizando 468 tm, com valor de US$ 6,2 milhões (alta de 47%). No acumulado até maio, os embarques ainda estavam 15% abaixo do ano anterior (2.132 tm), mas o valor aumentou 12%, alcançando US$ 32,5 milhões.

África: crescimento impulsionado por cortes alternativos

As exportações de carne bovina para a África — em sua maioria miúdos — cresceram em 2025, especialmente por conta da Costa do Marfim e Marrocos. Em maio, os embarques para o continente somaram 1.209 tm (alta de 7%), com valor de US$ 2 milhões (alta de 18%). Os embarques para a Costa do Marfim (635 tm) foram os maiores desde 2017. Até maio, as exportações para a África cresceram 14% em volume (5.974 tm) e 27% em valor (US$ 9,4 milhões).

Participação das exportações na produção

Em maio, o valor das exportações de carne bovina dos EUA correspondeu a US$ 406,05 por cabeça abatida, queda de apenas 1% em relação ao ano anterior (com a China respondendo por apenas US$ 7,40, contra mais de US$ 66 em maio de 2024). A média de janeiro a maio foi de US$ 413,37 por cabeça, alta de 1%.

As exportações representaram 13,4% da produção total de carne bovina dos EUA em maio e 11,3% dos cortes nobres, ligeiramente abaixo das proporções de 13,8% e 11,4% do ano anterior. De janeiro a maio, as exportações representaram 13,6% da produção total e 11,4% dos cortes nobres, em comparação a 13,9% e 11,6%, respectivamente, no mesmo período de 2024.

Fonte: U.S. Meat Export Federation, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

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