Por John Nalivka
Preços recordes, lucros e prejuízos. Essa é a história da indústria de gado e carne bovina dos Estados Unidos em 2025 — um ano que pode ser melhor descrito como volátil e incerto.
A volatilidade do mercado em um cenário econômico de número reduzido de bovinos tem sido agravada pela incerteza das tarifas e seus impactos no comércio de carne bovina dos EUA. Ao mesmo tempo, há também a incerteza adicional de uma indústria em transformação estrutural. O que isso significa para a cadeia de suprimentos daqui para frente não é totalmente conhecido, ou talvez nem mesmo percebido por muitos, mas as mudanças estão em andamento.
Costumo falar com frequência sobre capacidade e utilização de capacidade — e por um bom motivo: trata-se de um fator crucial que impacta as margens. Durante a última semana de julho (2 de agosto), quando as plantas de abate de bovinos de corte operaram com 77% de utilização e as plantas de abate de vacas com 60%, os frigoríficos de carne bovina viram sua margem média cair para um nível recorde de baixa. Pelo menos é o que indicam minhas estimativas, que venho compilando desde janeiro de 1988.
Com os fundamentos da oferta seguindo o caminho atual de uma redução ainda maior no número de bovinos pelos próximos três anos, a situação negativa das margens da indústria provavelmente não mudará, dada a situação de excesso de capacidade. Consequentemente, a capacidade será reduzida. Acredito que isso ocorrerá por meio do fechamento permanente de plantas, especialmente à medida que as plantas mais novas, inauguradas nos últimos anos, incorporam tecnologias e equipamentos inovadores que tornarão cada vez mais difícil para as plantas antigas competirem em eficiência produtiva e no uso eficiente da mão de obra.
Os frigoríficos não são o único setor da indústria da carne bovina com excesso de capacidade. Os confinamentos também enfrentam — ou provavelmente enfrentarão — o mesmo dilema, à medida que o número de bovinos para engorda continua a diminuir. Embora se possa concluir que isso signifique apenas uma maior concorrência por bois para engorda e preços ainda mais altos, acima de um mercado já recorde, isso provavelmente não acontecerá. Assim como no caso dos frigoríficos, acredito que os confinamentos também passarão por uma consolidação da capacidade, reforçada por acordos de fornecimento entre frigoríficos e confinadores que utilizam preços de referência baseados em fórmulas. A indústria está cada vez mais seguindo nessa direção e não há retorno.
Com ou sem tarifas, a indústria de carne bovina dos EUA está em transição para um modelo definido pela dinâmica de oferta e demanda em toda a cadeia de suprimentos. Nesse contexto, será cada vez mais importante gerenciar a capacidade.
Os antigos modelos de precificação que conhecemos há décadas se tornarão cada vez mais obsoletos, à medida que a indústria alinhar os preços desde o varejo/serviço de alimentação até o frigorífico e o produtor. A análise de mercado deixou de ser apenas uma avaliação do número de bovinos confinados.
Fonte: Drovers, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.